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Acusada de espionagem, Huawei resiste à pressão americana

29/03/2019 12h55

Shenzhen, China, 29 Mar 2019 (AFP) - A gigante de telecomunicações chinesa Huawei anunciou nesta sexta-feira que seu lucro líquido aumentou, apesar de um declínio na atividade, em um contexto de intensa campanha dos Estados Unidos e de outros países contra a empresa, acusada por eles de espionagem.

O grupo, baseado em Shenzhen (sul) e suspeito de espionar para o governo de Pequim, aumentou seu lucro líquido em 25% em 2018, a 59,3 bilhões de yuans (US$ 9,5 bilhões).

Já o faturamento no ramo de infraestrutura caiu em 1,3% em 2018, contra um aumento de 2,5% no ano anterior.

Este indicador parcial ruim é o primeiro sinal tangível do impacto da pressão dos EUA sobre a Huawei, considerada a líder global em tecnologia de telecomunicações 5G, a futura geração de conexão de altíssima velocidade para dispositivos móveis.

Mas Washington insiste que a China usa sua influência na empresa para espionar as comunicações de países que usam a tecnologia da Huawei.

Por isso, desde o ano passado, os Estados Unidos aumentaram a pressão sobre seus aliados para evitar usar os serviços do grupo chinês.

No entanto, Washington não forneceu as provas - pelo menos publicamente - para apoiar as acusações contra a Huawei.

- Impacto -"As preocupações de segurança têm um impacto na Huawei, à medida que mais e mais países impõem restrições ao material relativo à rede da empresa", analisa Brock Silvers, diretor geral do gabinete Kaiyuan Capital.

O último episódio veio de Londres, que na quinta-feira se referiu aos "novos riscos" que a Huawei geraria para a segurança das redes de telecomunicações do Reino Unido.

"Esta campanha lançada pelos Estados Unidos está apenas começando, e é improvável que desapareça rapidamente", segundo Brock Silvers, que também cita o contexto de comércio e conflito diplomático entre a China e os Estados Unidos.

A prisão, em dezembro, da diretora financeira da Huawei em Vancouver, no Canadá, a pedido da Justiça americana foi um golpe para a empresa chinesa.

Meng Wanzhou é suspeita de ter mentido para vários bancos para permitir que a Huawei entrasse no mercado iraniano entre 2009 e 2014, violando assim as sanções de Washington. Ele corre o risco de ser extraditada para os Estados Unidos.

- Na adversidade -Na publicação de seus resultados anuais na sexta-feira, a gigante das telecomunicações chinesa reconheceu implicitamente a existência de dificuldades e prometeu fazer tudo para superá-las, em um comunicado intitulado "Na adversidade, crescimento em ascensão".

"No futuro faremos todo o que estiver ao nosso alcance para evitar as distrações externas, melhorar a administração e obter progressos em direção aos nossos objetivos estratégicos", declarou o líder do grupo, Guo Ping.

As vendas da Huawei, na verdade, aumentaram 19,5% em relação ao período anterior, impulsionadas em grande parte por smartphones e tablets, que representam mais de 45% de seu faturamento.

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