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Indígenas brasileiros denunciam governo de Bolsonaro em NY

23/04/2019 20h09

Nova York, 23 Abr 2019 (AFP) - Aos gritos de "A Amazônia não está à venda!", um pequeno grupo de indígenas brasileiros protestaram nesta terça-feira no coração de Manhattan, onde lamentam "a tragédia" do governo de Jair Bolsonaro.

Às vésperas de uma grande marcha nacional anual em Brasília em defesa de seus direitos, manifestantes entregaram à missão brasileira na ONU uma petição com 12 mil assinaturas para denunciar as políticas de Bolsonaro contra os indígenas.

"É muito urgente que o mundo escute a voz dos povos indígenas. Estamos ameaçados pela mineração, as hidroelétricas, a indústria do agronegócio", disse a líder Sonia Guajajara, de 45 anos, coordenadora nacional da Articulação de Povos Indígenas do Brasil (Apib).

Ao lado de indígenas de outras países, Guajajara está em Nova York para assistir nesta semana ao fórum anual da ONU sobre temas indígenas.

"A nossa luta hoje não é simplesmente para garantia de direitos, é luta pela vida", disse a ex-candidata a vice-presidente.

Leila Salazar López, diretora-executiva da ONG Amazon Watch, avaliou que "atacar os indígenas da Amazônia é atacar os pulmões da Terra, é atacar o coração do nosso planeta, que precisamos para sobreviver".

"Estou muito preocupada" com os indígenas no Brasil, disse a relatora especial da ONU para os direitos de povos indígenas, Vicky Tauli-Corpuz, em entrevista à AFP nas Nações Unidas.

Tauli-Corpuz disse que esteve no Mato Grosso e se reuniu com indígenas deslocados por plantações de soja. "Sempre foram atacados pelos seguranças das corporações do agronegócio, mas agora, cada vez mais por autoridades estatais", denunciou.

A relatora destacou o papel das igrejas evangélicas no assunto "porque está apoiando o presidente e estão expandindo as áreas de povos indígenas isolados voluntariamente, que é o mais perigoso que pode acontecer", afirmou.

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