Parlamento da Áustria destitui chanceler após escândalo de corrupção
O Parlamento da Áustria votou hoje uma moção de censura contra o chanceler conservador Sebastian Kurz, retirando-o do cargo após o escândalo de corrupção que implodiu sua coalizão de governo.
Esta votação sem precedentes na história da República da Áustria contou com os votos dos social-democratas e do partido nacionalista FPÖ, cujo líder havia sido obrigado a renunciar a seu posto de número dois do governo, em função do escândalo.
O resultado da votação foi anunciado pela vice-presidente do Parlamento, Doris Bures.
O destino do líder de 32 anos, no poder desde o final de 2017, já havia sido selado esta manhã, quando o FPÖ, de extrema-direita, outrora seu aliado, decidiu que votaria a favor da moção de censura contra Kurz.
Já o Partido Social Democrata anunciou no domingo que também apoiaria a moção.
A soma dos 52 deputados do SPÖ e dos 51 do FPÖ configurou uma maioria na Casa, de 183 cadeiras.
Nos últimos dias, o FPÖ não parou de atacar Sebastian Kurz, líder dos conservadores do ÖVP, que os expulsou sem qualquer hesitação do governo após as revelações do caso "Ibizagate".
Para o ex-líder do FPÖ Heinz-Christian Strache, que teve de renunciar a todos os cargos após o escândalo, exigir a saída do chanceler era "compreensível e lógico".
"A confiança desapareceu", disse o secretário-geral da legenda, Harald Vilimsky.
O Parlamento organizou uma sessão extraordinária esta manhã para discutir a moção de censura.
A coalizão ÖVP-FPÖ acabou depois da divulgação em 17 de maio de um vídeo - que na verdade foi uma armadilha -, no qual Strache propõe contratos públicos em troca de apoio financeiro russo.
Após a queda do líder do FPÖ, que ocupava o cargo de vice-chanceler na coalizão governamental, Kurz destituiu o ministro do Interior, também de extrema direita.
Em resposta, os outros ministros do FPÖ abandonaram o Executivo, deixando o partido conservador governando sozinho.
Apesar de sua popularidade - segundo uma pesquisa recente, a maioria dos austríacos apoiava a permanência do chanceler no cargo -, Kurz não foi capaz de se manter no poder.
Ele acusou os social-democratas e a extrema-direita de formarem "uma coalizão" para derrubá-lo.
Paradoxalmente, a votação da moção de censura aconteceu depois que Kurz saiu vitorioso no domingo com seu partido nas eleições europeias. A sigla obteve 34,9% dos votos, o melhor resultado de um partido desde a entrada da Áustria na União Europeia, em 1995.
Segundo analistas, a popularidade do líder dos conservadores pode até ser reforçada com a proximidade das eleições legislativas antecipadas convocadas para setembro após o escândalo "Ibizagate".
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