Guaidó e Maduro dispostos a prosseguir contatos sob mediação da Noruega
Caracas, 30 Mai 2019 (AFP) - O presidente Nicolás Maduro e o líder da oposição Juan Guaidó se mostraram nesta quarta-feira dispostos a seguir tentando resolver a disputa pelo poder na Venezuela sob mediação da Noruega, após um primeiro encontro entre seus representantes que terminou sem acordo.
"Acredito no diálogo, nosso caminho é o diálogo, o respeito à Constituição, à paz, à democracia", disse Maduro em rede nacional de TV.
Maduro pediu coragem à oposição: "sejam valentes, digam a verdade a sua gente, não mintam, porque a Venezuela necessita da verdade para acordos seguros de paz".
"Negociamos em segredo durante dois, três meses, e estamos sentados na Noruega. Sim, eu quero um acordo de paz para a Venezuela. Peço o apoio de todo o país, peço o apoio do chavismo".
O governo norueguês emitiu um comunicado sobre a mediação do primeiro encontro "entre representantes dos principais atores políticos da Venezuela" em Oslo.
"As partes mostraram disposição para avançar na busca de uma solução acordada e constitucional para o país, que inclui os temas políticos, econômicos e eleitorais", indicou o Ministério norueguês de Exteriores.
Guaidó, autoproclamado presidente interino e reconhecido no cargo por 50 países, agradeceu a iniciativa norueguesa.
"Agradecemos ao governo da Noruega sua vontade em contribuir com uma solução para o caos que o nosso país sofre. Estamos dispostos a continuar junto deles", afirmou num texto encaminhado à imprensa.
Representantes de Maduro e de Guaidó celebraram nesta semana um primeiro encontro frente a frente sob os auspícios da Noruega, anunciado no começo de maio.
Em Oslo, "ratificamos nossa rota: cessar da usurpação (do governo por parte de Maduro), governo de transição e eleições livres, como via para solucionar a tragédia que hoje sofre a nossa Venezuela", expressou Guaidó.
"A mediação será útil para a Venezuela desde que existam elementos que permitam avançar em prol de uma verdadeira solução", continuou o líder parlamentar, que enfrentou críticas de um setor opositor contrário a um diálogo diante de várias tentativas frustradas anteriores.
Guaidó disse que de qualquer forma, o contato em Oslo "não detém os esforços da oposição em todos os âmbitos constitucionais" para forçar a saída de Maduro.
Desde que se proclamou presidente interino em 23 de janeiro, depois que o Parlamento de maioria opositora declarou ilegítima a reeleição do presidente socialista, Guaidó liderou manifestações multitudinárias, que perderam fôlego desde um motim frustrado em 30 de abril.
O líder opositor mantém todas as opções em aberto, entre elas a "cooperação internacional", enquanto mantém contatos com o Departamento de Defesa dos Estados Unidos, principal aliado internacional do líder opositor, que não descarta uma opção militar para solucionar a crise no país sul-americano.
"É muito difícil que nestas primeiras aproximações ocorra algo. Os atores estão em posições antagônicas", avaliou o cientista político Luis Salamanca.
"Maduro não vai negociar sua saída do governo, e essa é a aspiração de Guaidó", acrescentou o especialista.
O líder opositor disse que apesar de tudo o contato em Oslo "não detém os esforços da oposição em todos os âmbitos constitucionais" para forçar a saída de Maduro.
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