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'Os Cinco do Central Park' acusam Trump de atiçar ira pública

08/06/2019 01h21

Los Angeles, 8 Jun 2019 (AFP) - Cinco homens injustamente condenados pelo estupro em 1989 de uma mulher em Nova York acusaram nesta sexta-feira Donald Trump de ter colocado "um prêmio por suas cabeças", quando uma minisérie da Netflix retrata os acontecimentos.

No caso conhecido como "Os Cinco do Central Park", um grupo de adolescentes - quatro negros e um hispânico com entre 14 e 16 anos - foram acusados falsamente de estuprar e deixar quase morta uma jovem branca que corria no conhecido parque de Nova York.

O caso dominou as manchetes dos jornais há 30 anos, expondo a discriminação racial nesta cidade americana.

O hoje presidente Trump, então um magnata do ramo imobiliário, atiçou a indignação pública ao publicar anúncios de página inteira nos jornais pedindo a pena de morte para os suspeitos.

"Quando Donald Trump publicou os anúncios de página inteira nos jornais da cidade de Nova York pedindo nossa execução ele colocou um prêmio por nossas cabeças", disse nesta sexta um dos homens, Yussef Salaam.

Os nomes, números de telefone e endereços dos suspeitos também foram publicados pelos jornais na ocasião, recordou Salaam.

"Podem imaginar o horror que isto foi... Era como se estivesse querendo que alguém dos becos mais escuros da sociedade entrasse em nossas casas, nos arrastasse e nos pendurasse nas árvores do Central Park".

Apesar das grandes falhas na acusação e de o DNA não bater com o dos acusados, os cinco acabaram condenados e cumpriram penas de seis a treze anos de prisão.

Um estuprador em série admitiu finalmente ser o autor do ataque contra a executiva de investimentos Trisha Meili, então com 28 anos.

"Éramos apenas meninos. O sistema nos atropelou", disse Salaam nesta sexta no evento da American Civil Liberties Union em Los Angeles em homenagem aos cinco.

Em 2014, após uma longa batalha legal, "Os cinco" receberam uma indenização de 41 milhões de dólares pelo tempo que passaram presos.

"Éramos meninos quando fomos enviados à prisão e éramos homens quando saímos. Tivemos que lutar para rasgar o rótulo que a imprensa nos colocou", recordou Salaam.

A história dá origem ao novo drama da Netflix "When They See Us", dirigido pela cineasta Ava DuVernay.

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