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Espanha, país onde a instabilidade política se torna crônica

Manifestantes seguram bandeira pró-independência da Catalunha em Barcelona - Lluis Gene/AFP
Manifestantes seguram bandeira pró-independência da Catalunha em Barcelona Imagem: Lluis Gene/AFP

07/11/2019 11h00

Madri, 7 Nov 2019 (AFP) - A Espanha, que realiza neste domingo (10) suas quartas eleições legislativas em quatro anos, sofre desde o final de 2015 uma instabilidade política crônica, com um Parlamento muito fragmentado.

Dezembro de 2015: o bipartidarismo explode

As eleições legislativas de 20 de dezembro de 2015 marcam o fim do bipartidarismo entre o Partido Popular (PP, conservador) de Mariano Rajoy, que vence embora tenha perdido sua maioria absoluta, e o Partido Socialista (PSOE), que fica em segundo lugar, mas também cede terreno.

Dois novos partidos - Podemos (esquerda radical) e Cidadãos (centro direita) - entram com força no Parlamento fracionado como nunca desde o restabelecimento da democracia em 1977, após o fim da ditadura de Francisco Franco.

Diante da impossibilidade de compor uma coalizão de governo, são convocadas novas eleições, em 26 de junho de 2016. O PP consegue um ligeiro avanço, mas o bloqueio persiste.

Outubro de 2016: Rajoy toma posse

Depois de dez meses de paralisia política, Mariano Rajoy é empossado como presidente do governo, mais uma vez, em 29 de outubro, graças aos votos do Cidadãos e à abstenção de uma parte dos socialistas.

Pouco antes, estes últimos haviam defenestrado seu líder, Pedro Sánchez, defensor do "não é não", culpando-o pelo pior resultado eleitoral dos socialistas em 40 anos.

Junho de 2018: Sánchez destrona Rajoy

Em 24 de maio, o PP é condenado em um megaprocesso por corrupção. Devolvido à liderança do PSOE pelas bases, Pedro Sánchez apresenta uma moção de censura contra Rajoy.

Sai vitorioso em 1º de junho e se torna presidente do governo, graças aos votos do Podemos, dos nacionalistas bascos e dos separatistas catalães.

Fevereiro de 2019: sem orçamento, novas eleições

Frente do governo mais minoritário da democracia espanhola, Sánchez apresenta um orçamento antiausteridade, negociado com o Podemos, com a esperança de esgotar a legislatura em junho de 2020.

Fracassam, porém, as negociações com os separatistas catalães, que reivindicam um referendo de autodeterminação inaceitável para Sánchez. Isso coincide com o início, em Madri, em 12 de fevereiro, de um histórico julgamento contra dirigentes separatistas.

Com o orçamento travado pelos separatistas, PP e Cidadãos, Sánchez convoca eleições antecipadas para 28 de abril.

Setembro de 2019: Sánchez sem apoio

Vencedor das eleições, Sánchez se torna o único candidato com chances de formar governo, mas tem apenas 123 deputados de 350 em um Congresso ainda mais fragmentado pelo surgimento do ultradireitista Vox.

Em julho, sua tentativa de ganhar a confiança dos deputados fracassa pela abstenção da esquerda radical do Podemos. A sigla considera insuficiente a oferta de coalizão oferecida pelos socialistas.

Dois meses mais tarde, Sánchez não consegue o apoio do Podemos, nem a abstenção dos liberais do Cidadãos, nem dos conservadores do Partido Popular (PP) em uma hipotética sessão de posse. Diante do bloqueio, são convocadas novas eleições, em 10 de novembro.