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Pandemia do coronavírus silencia vitória de Joe Biden no Partido Democrata

3.mar.2020 - O ex-vice-presidente Joe Biden durante evento da Superterça em Los Angeles - Frederic J.Brown/AFP
3.mar.2020 - O ex-vice-presidente Joe Biden durante evento da Superterça em Los Angeles Imagem: Frederic J.Brown/AFP

12/04/2020 08h52

Washington, 12 Abr 2020 (AFP) - Diante de milhares de pessoas, Barack Obama comemorou com entusiasmo o início de uma aventura "histórica". Sob uma salva de aplausos, Hillary Clinton saudou a mudança que a tornou a primeira mulher a concorrer à presidência dos Estados Unidos. Joe Biden, por outro lado, deve lidar com um cenário diferente marcado pelo coronavírus.

O ex-vice-presidente de Obama comemorou sua vitória nas primárias democratas com um comunicado e algumas declarações online do porão de sua casa, onde está confinado pelo coronavírus.

"Lembra da noite em que Obama obteve a indicação democrata?", lançou essa semana Dan Pfeiffer, ex-assessor do presidente Democrata, a outro membro de sua equipe em seu podcast "Pod Save America".

"Fizemos uma grande festa e foi ótimo. Estávamos todos juntos. Obama fez um discurso em Minnesota".

Mas, para Biden, 77 anos, não haverá grande discurso para marcar o momento, nem festa da vitória que fará com que enfrente Donald Trump em novembro.

O momento não permite, apesar de ele ter obtido a indicação como candidato democrata de forma mais contundente e rápida contra o senador Bernie Sanders do que seus antecessores.

Na quarta-feira à noite, olhando para a câmera e com sua biblioteca ao fundo, lançou algumas palavras para seu "amigo" Sanders antes de responder a perguntas dos eleitores sobre a pandemia.

Todos os dias, ele apresenta uma lista de perguntas sobre a pandemia antes da conferência de imprensa do presidente republicano, que busca a reeleição.

Mas é difícil para ele criar um lugar para si na mídia.

"Estamos passando por um momento incomum e que silenciou as campanhas", destaca David Lublin, professor de ciência política da American University.

Não apenas todos os eventos de campanha foram cancelados desde meados de março, mas para se fazer ouvir, Biden deve "competir com o presidente e com a crise internacional" que ocupa as primeiras páginas dos jornais.

As vantagens da discrição

Não poderia fazer mais, locomover-se, encontrar-se com o pessoal de saúde? "Estou certo de que ele e sua equipe continuam pensando no que podem fazer" nesses tempos sem precedentes, comentou à AFP Lublin.

Biden, que venceu no sábado as primárias democratas do Alasca, espera receber apoio oficial de Obama, ainda muito popular entre os democratas e que raramente aparece em público.

Enquanto isso, dá entrevistas do estúdio de televisão instalado em seu porão.

Mas Trump garante aparições ao vivo todos os dias nas principais redes de televisão, com coletivas de imprensa sobre a crise que está ocorrendo nos Estados Unidos, onde mais de 20 mil pessoas morreram desta doença respiratória.

O "Wall Street Journal" criticou essas aparições onde ocorre o "espetáculo chato" de sua raiva contra os jornalistas.

Em contrapartida, a crise do coronavírus permite que Biden, um veterano da política com uma vida abalada por tragédias pessoais, mostre "suas forças: sua competência, seu conhecimento de como o governo funciona e sua empatia", diz Lublin.

Bem conhecido em todo o país, com uma ligeira vantagem nas pesquisas sobre Trump, Biden poderia, ironicamente, se beneficiar de uma "discrição", acrescenta Miles Coleman, analista político da Universidade da Virgínia.

"Parece que os democratas se sairiam melhor se fizessem dessas eleições um referendo sobre Trump do que uma eleição entre dois candidatos", concluiu.