EUA acusam China e Rússia de divulgar mentiras sobre o coronavírus
Os Estados Unidos acusaram hoje a China e a Rússia de fortalecer sua cooperação para divulgar um relato falso sobre a pandemia do novo coronavírus, alegando que Pequim está cada vez mais aplicando técnicas aperfeiçoadas por Moscou.
"Mesmo antes da crise da covid-19, tínhamos avaliado um certo nível de coordenação entre a Rússia e a China no campo da propaganda", disse Lea Gabrielle, coordenadora de uma agência do Departamento de Estado responsável por de rastrear propaganda estrangeira. "Mas com essa pandemia, a cooperação se acelerou rapidamente", completou.
Segundo a coordenadora, esses dois países procuram influenciar a opinião pública para gerar um relato da pandemia que sirva "a seus próprios fins".
Esse setor do Departamento de Estado, o Global Engagement Center, havia relatado em fevereiro que milhares de contas vinculadas à Rússia nas redes sociais propagavam teorias de conspiração coordenadas, segundo as quais os EUA estão por trás do surto da doença.
A China também irritou os EUA quando um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores publicou em uma rede social, sem provas, que os militares dos EUA haviam trazido o coronavírus para Wuhan, cidade onde a pandemia se originou.
No final de março, e após uma conversa telefônica entre Donald Trump e Xi Jinping, as duas potências chegaram a uma trégua informal.
As tensões, no entanto, aumentaram novamente depois que o governo Trump acusou as autoridades chinesas de terem demorado a alertar o mundo para a pandemia e de ocultar sua extensão, apontando-as como "responsáveis" pela propagação planetária do vírus, pela morte centenas de milhares de pessoas e pela atual crise econômica sem precedentes.
Além disso, Trump e seu secretário de Estado, Mike Pompeo, insistem em suas suspeitas de que o vírus tenha se originado em um laboratório na China, algo que tanto a OMS (Organização Mundial de Saúde) como o principal consultor científico da Casa Branca rejeitam por falta de provas.
Pompeo "não pode apresentar evidências", respondeu a diplomacia chinesa, "porque não tem nenhuma".
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, se posicionou ao lado de Pequim ao denunciar hoje, em uma ligação telefônica com Xi, "as tentativas de certas forças de usarem a epidemia como pretexto para acusar a China", segundo a agência oficial da Xinhua. "A Rússia apoiará fortemente a China", acrescentou.
De acordo com o Global Engagement Center, a China voltou a intensificar sua campanha de informações online em defesa de sua gestão da pandemia, que matou mais de 270 mil pessoas em todo o mundo.
"Pequim está se adaptando em tempo real e usando mais e mais técnicas que Moscou aplica há muito tempo", acrescentou Gabrielle.
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