Na corrida pela vacina contra a covid, mundo debate obrigatoriedade
Em meio à corrida mundial para encontrar a vacina contra a covid-19, Austrália e Estados Unidos lançaram nesta quarta-feira (19) o debate sobre sua aplicação obrigatória para conter o coronavírus, que não para de se disseminar enquanto as restrições se multiplicam pelo planeta para neutralizá-lo.
O primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, disse em uma entrevista a uma emissora de rádio que ser vacinado deveria "ser obrigatório".
"Sempre há exceções à vacina, por motivos médicos, mas devem ser as únicas", acrescentou.
Antecipando possíveis medidas antivacinas, Morrison disse que há muito em jogo para permitir que a doença continue a se espalhar.
"Estamos falando de uma pandemia que destruiu a economia mundial e causou centenas de milhares de mortes", disse ele.
O epidemiologista e assessor da Casa Branca, Anthony Fauci, disse nesta quarta-feira que quando houver uma vacina contra o novo coronavírus, sua aplicação não será exigida pelo governo dos Estados Unidos, embora possa se tornar obrigatória para crianças segundo leis locais.
"Não se pode impor ou tentar forçar ninguém a tomar uma vacina. Nunca fizemos isso", afirmou Fauci, integrante da equipe que assessora o governo norte-americano na crise sanitária, durante uma videoconferência com a Universidade George Washington.
Diante de um vírus que já tirou 784.001 vidas e infectou mais de 22,3 milhões de pessoas, segundo uma contagem da AFP com base em números oficiais, a disponibilidade de uma vacina ou de um tratamento eficaz é a esperança a que se apega o planeta.
Evitar o "nacionalismo"
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 168 possíveis vacinas estão sendo desenvolvidas, mas até o momento nenhuma está pronta para ser comercializada.
Nos Estados Unidos, país mais afetado pelo vírus com mais de 171.877 mortes, o laboratório Moderna tem um dos projetos mais avançados, na fase 3 de testes clínicos em humanos, última etapa antes da comercialização.
Paralelamente, uma vacina chinesa será testada em breve no Paquistão e na Arábia Saudita, em sua terceira fase de testes clínicos.
Desenvolvido pelo laboratório chinês CanSinoBio e pelo Instituto Chinês de Biotecnologia de Pequim, já foi testado na China, Rússia, Chile e Argentina.
O Brasil, segundo país do mundo mais atingido pela pandemia com pouco mais de 3,45 milhões de infecções e 111.100 mortes, aprovou nesta terça-feira os testes clínicos finais da vacina experimental da empresa Johnson & Johnson, o quarto projeto no país a receber luz verde para ser testado, antes da aprovação final.
Cuba iniciará os ensaios clínicos em seres humanos na próxima semana para seu projeto de vacinas "Sovereign 01", cujos resultados estão programados para fevereiro de 2021.
E o laboratório suíço Roche anunciou nesta quarta-feira um acordo com a americana Regeneron para a fabricação e distribuição de um tratamento contra a COVID-19 em fase final de testes clínicos.
Nessa corrida acelerada, a OMS convocou seus países membros a aderirem ao programa de acesso às vacinas e, assim, lutar contra o "nacionalismo das vacinas".
Nesse sentido, o Papa Francisco considerou nesta quarta-feira que seria "triste" que as futuras vacinas fossem primeiro para "os mais ricos" e não aos que "mais precisam".
- Baixa em contágios leva esperança ao Chile -A pandemia continua devastando a América Latina e o Caribe, onde mais de 248.425 mortes e 6,3 milhões de casos já foram registrados, de acordo com o balanço da AFP.
A região foi responsável por praticamente metade das mortes no mundo na última semana.
O Chile registrou 1.233 novas infecções em 24 horas nesta quarta-feira, o menor número em mais de três meses, enquanto o país avança com medidas de desconfinamento e impõe novas quarentenas por setores.
As autoridades sanitárias informaram que o último balanço é o melhor desde 11 de maio, quando a pandemia começou a se agravar no Chile.
No total, o país tem 390.037 casos positivos desde os primeiros infectados registrados em 3 de março.
Já a Colômbia sofre duramente com o vírus. O país sofre um aumento na velocidade de transmissão da covid-19 e, nesta quarta-feira, superou a marca dos 500.000 casos. Há um mês, eram 175.000 contágios.
Nesta quarta-feira, a Bolívia recebeu dos Estados Unidos a doação de 200 respiradores, avaliados em mais de 2,5 milhões de dólares, para pacientes com covid-19. A presidente interina, Jeanine Áñez, agradeceu seu colega americano, Donald Trump pelo Twitter.
Os jovens, novos vetores
A OMS também alertou que a pandemia entrou em uma "nova fase", especialmente na região da Ásia-Pacífico, e as infecções ocorrem entre pessoas abaixo de 50 anos, muitas vezes assintomáticas.
"A epidemia está mudando. Pessoas na faixa dos 20, 30 ou 40 anos são cada vez mais uma ameaça", disse Takeshi Kasai, diretor da instituição para o Pacífico Ocidental.
Em outros países, como a Itália, onde as autoridades trabalham para conter uma nova onda de infecções, também aparecem inúmeros testemunhos de jovens infectados durante suas férias.
"Estou com covid-19, peguei na Costa Smeralda", na Sardenha, explicou ao jornal La Stampa, Luca, um romano na casa dos vinte.
As férias dos seus sonhos foram interrompidas abruptamente quando, em 11 de agosto, ele recebeu um SMS de duas amigas: "Testamos positivo".
Desde segunda-feira, o uso de máscaras é obrigatório à noite nas áreas mais movimentadas da capital italiana, medida que se soma ao fechamento de boates.
Mas na icônica Fontana di Trevi, a prioridade dos turistas não é se proteger do coronavírus, mas tirar uma boa foto.
Diante dessa imponente obra barroca, um dos pontos mais turísticos de Roma, a polícia italiana tem sérias dificuldades para impor o uso da máscara.
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