Papa pede um 'pacto educacional mundial' contra a atual 'catástrofe'
O papa pediu que "o grito das novas gerações" seja ouvido e que haja um novo "pacto educacional mundial", diante de um mundo atormentado pela crise de saúde, econômica e também educacional.
O pedido do pontífice foi divulgado em uma mensagem de vídeo transmitida hoje, por ocasião da inauguração do encontro sobre "Um pacto educacional global", realizado na Universidade Lateranense de Roma.
"A covid possibilitou reconhecer globalmente que o que está em crise é nosso modo de entender a realidade e de nos relacionar. Neste contexto, vemos que as fórmulas simplistas ou os otimismos vãos não são suficientes", alertou.
Em sua mensagem, o papa argentino reconheceu "o poder transformador da educação" para uma nova cultura, que possa gerar "uma mudança no modelo de desenvolvimento", destacou.
"Educar é apostar e dar ao presente a esperança que rompe os determinismos e fatalismos através dos quais o egoísmo dos fortes, o conformismo dos fracos e a ideologia dos utópicos tentam se impor tantas vezes como o único caminho possível", advertiu.
"A educação se propõe como o antídoto natural da cultura individualista, que às vezes culmina em um verdadeiro culto ao eu e na primazia da indiferença. Nosso futuro não pode ser a divisão, o empobrecimento das escolhas de pensamento e imaginação, de escuta, de diálogo e de compreensão mútua. Nosso futuro não pode ser este", insistiu.
O papa argentino fez seu pedido em um momento delicado, para o qual pediu que as pessoas sejam educadas a "não olhar para o outro lado favorecendo graves injustiças sociais, violações dos direitos, grandes pobrezas e exclusões humanas", disse.
Francisco citou dados recentes de órgãos internacionais, que reconhecem uma "catástrofe educacional" contra as cerca de dez milhões de crianças que podem ser obrigadas a abandonar a escola por causa da crise econômica gerada pelo coronavírus.
"Isso aumenta a já alarmante brecha na educação, com mais de 250 milhões de crianças em idade escolar excluídas de qualquer atividade educacional", lamentou.
"Consideramos que é a hora de firmar um pacto educacional global para e com as gerações mais jovens", acrescentou Francisco.
Ele defendeu também que "um mundo diferente é possível e requer que aprendamos a construí-lo, e isso envolve toda a nossa humanidade, tanto pessoal como comunitária".
Um processo em que "a diversidade e as abordagens possam harmonizar na busca pelo bem comum. Capacidade para criar uma harmonia: é isso o que precisamos hoje", concluiu.
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