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Igreja católica no Reino Unido não protegeu vítimas de pedofilia, diz informe

Para a Comissão de Investigação sobre Abuso Sexual de Menores, o cardeal Vincent Nichols colocou a igreja em primeiro lugar, e não as vítimas - Divulgação/Vaticano
Para a Comissão de Investigação sobre Abuso Sexual de Menores, o cardeal Vincent Nichols colocou a igreja em primeiro lugar, e não as vítimas Imagem: Divulgação/Vaticano

10/11/2020 13h50

Uma investigação independente concluiu que o cardeal Vincent Nichols, chefe do Executivo católico na Inglaterra e no País de Gales, procurou proteger a reputação da Igreja mais do que as vítimas de agressões de padres - conforme relatório divulgado nesta terça-feira (10).

Em seu informe de 144 páginas, a Comissão de Investigação Independente sobre Abuso Sexual de Menores (IICSA, na sigla em inglês) acusa o cardeal Vincent Nichols de não assumir "responsabilidade pessoal".

Nos casos de duas vítimas, "mostrou incompreensão sobre o impacto de suas agressões (...) e colocou, claramente, a reputação da Igreja em primeiro lugar", afirma a investigação.

Nichols, arcebispo de Westminster, admitiu não ter respondido a alguns e-mails de uma denunciante, descrita por autoridades diocesanas como "indigente" e "profundamente manipuladora".

O relatório também denunciou a "lentidão da mudança", observando que demorou 13 anos para redigir um código de conduta para os padres.

"A impressão geral criada por esses atrasos é que a Igreja Católica ainda não dá urgência suficiente e prioridade para a aplicação das recomendações", acrescenta o texto.

O informe recomenda uma formação obrigatória para todos os funcionários e voluntários, bem como uma auditoria externa do serviço da Igreja responsável por essas questões.

O IICSA deu à Igreja seis meses para responder às suas recomendações.

A instituição disse receber favoravelmente o informe e pediu desculpas "às vítimas que não foram ouvidas, ou apoiadas de forma adequada".

Em torno de 7% da população britânica é católica, de acordo com um estudo de 2018, em um país onde a rainha Elizabeth II é a chefe da Igreja Anglicana.

Entre 1970 e 2015, 936 clérigos e voluntários católicos foram acusados de agressão sexual, de acordo com o relatório, destacando que o número real é provavelmente "muito mais alto".

Historicamente, as instituições eclesiásticas têm "buscado, ativamente, abrigar e proteger os que eram acusados de abusar sexualmente de crianças", enfatiza o relatório.

Entre 2016 e 2018, foram denunciadas cerca de 100 acusações de abuso sexual infantil a cada ano, de acordo com a Comissão Nacional de Proteção.

Em outubro, o IICSA já havia publicado um relatório, no qual reprovava a Igreja Anglicana por proteger padres pedófilos em vez das jovens vítimas de abuso sexual.