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Desemprego no Brasil sobe a 14,6%, novo recorde histórico

27/11/2020 11h39

Rio de Janeiro, 27 Nov 2020 (AFP) - A taxa de desemprego no Brasil subiu para 14,6% no trimestre julho-setembro, ante 14,4% no período junho-agosto, marcando o terceiro recorde histórico consecutivo em uma economia atingida pela pandemia do coronavírus - apontam dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta sexta-feira (27).

No total, 14,1 milhões de pessoas estiveram em busca de trabalho no terceiro trimestre, informou o IBGE, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Mensal (PNAD Contínua).

Os dados de julho-setembro são um pouco melhores que a expectativa média de 14,8% de instituições e analistas consultados pelo jornal Valor Econômico.

No mesmo período de 2019, o desemprego era de 11,8%. Desde então, o contingente de pessoas à procura de trabalho teve um aumento de 1,6 milhão.

Os dados estabelecem outros recordes tristes desde o início da série histórica em 2012, como o de 5,9 milhões de desalentados (+ 1,2 milhão em comparação anual), aqueles que desistiram de procurar trabalho por falta de oportunidades e, portanto, não aparecem nas estatísticas de desemprego.

A população ocupada (82,5 milhões) atingiu o menor nível da série, com aumento de 11,3 milhões em relação ao terceiro trimestre do ano passado, informou o IBGE, cujos estudos são realizados com pesquisas em domicílio.

A taxa oficial de desemprego "esconde uma realidade muito frágil do mercado de trabalho", afirma André Perfeito, da consultoria Necton. "Se a participação da população em idade ativa fosse a mesma do ano passado, a taxa de desemprego seria de 24,12%", acrescenta.

A taxa de subutilização (pessoas que trabalham menos de 40 horas semanais por falta de propostas) é de 30,3%, um aumento de 24% na comparação com o mesmo período de 2019.

A pandemia do coronavírus, que já deixou mais de 170 mil mortos no Brasil, e as medidas de confinamento parcial para enfrentar a propagação do vírus afundaram a economia brasileira, que neste ano deve registrar uma recessão de 4,5%, segundo as últimas projeções do governo.

O governo do presidente Jair Bolsonaro recebeu uma boa notícia nesta quinta-feira, porém, com o anúncio de que o número de empregos formais havia registrado aumento líquido de 394.989 em outubro, praticamente o dobro do esperado pelos analistas.

O Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre, que será divulgado na próxima semana, deve registrar alta de mais de 8% em relação ao segundo, mas a continuidade da recuperação está pendente, no entanto, devido aos temores de um novo surto da pandemia e às dúvidas dos investidores sobre a solidez fiscal do país.

Mas o aumento do desemprego se deve paradoxalmente ao retorno ao mercado de trabalho de milhões de pessoas graças aos sinais de revitalização da atividade econômica nos últimos meses.

"Houve maior pressão no mercado de trabalho no terceiro trimestre do ano. Em abril e maio, as medidas de distanciamento social ainda influenciavam a decisão das pessoas de não procurarem trabalho. Com o relaxamento dessas medidas, começamos a perceber um maior contingente de pessoas em busca de uma ocupação", afirmou a analista de pesquisa do IBGE, Adriana Beringuy.

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