Extrema-direita alemã organiza congresso polêmico em plena pandemia
Berlim, 28 Nov 2020 (AFP) - As divisões afloraram neste sábado (28) no partido da extrema direita alemão Alternativa para Alemanha (AfD, especialmente sobre a estratégia a seguir ante o movimento antimáscaras, no primeiro dia de um congresso com várias centenas de delegados, reunidos em plena pandemia.
A maioria dos 600 participantes respeitou as medidas sanitárias - respeito ao distanciamento e uso de máscaras -, condição para organizar o congresso em Kalkar, em Renânia do Norte-Westfália.
O encontro, que se estenderá até o domingo, se celebra em uma antiga usina nuclear que nunca entrou em funcionamento e que foi transformada em parque de diversões e complexo hoteleiro.
O co-presidente do AfD, Tino Chrupalla, denunciou desde o início a "política de estado de emergência" do governo de Angela Merkel contra o coronavírus.
"Estão destruindo vidas, já está acontecendo uma onda de falências (...) Muitas pessoas estão perdendo seus empregos", disse.
Segundo a polícia, 500 pessoas protestaram pacificamente contra o congresso, depois de uma convocação do grupo "Levanta-te contra o racismo", formado por ONGs, partidos e sindicatos.
- "Não é inteligente" -O outro presidente do partido, Jörg Meuthen, considerado moderado, criticou em sua fala que membros do partido tinham se mostrado próximos aos detratores das medidas para conter a covid-19. E também condenou a linguagem cada vez mais radical contra o governo.
"Não é inteligente falar de ditadura. Não estamos em uma ditadura, se não, não poderíamos organizar este congresso", disse, em alusão a declarações do presidente de honra do AfD, Alexander Gauland.
Gauland acusou recentemente o Executivo de usar "propaganda de guerra" para impor sua "ditadura do coronavírus".
O AfD "nunca esteve tão em perigo" e recorrer a uma retórica "agressiva e grosseira" só fará os eleitores se distanciarem do partido, afirmou Meuthen, entre aplausos e vaias dos presentes.
À margem do congresso, Gauland respondeu a estas críticas, acusando-o de querer fomentar uma "cisão" no partido.
Criado há sete anos, o AfD construiu seu sucesso com base em temores dos alemães sobre as centenas de milhares de migrantes que chegaram à Alemanha a partir de 2015.
Mas, a um ano das eleições legislativas, o primeiro partido da oposição alemã está mais debilitado do que nunca por suas divisões internas.
Segundo consulta do Instituto Forsa, publicada neste sábado, teria apenas 7% das intenções de voto, seu pior resultado desde junho de 2017 e longe dos 15% que teve no auge da crise migratória.
A organização do congresso do AfD suscitou muitas críticas, sobretudo quando a Alemanha acaba de decidir reduzir drasticamente os encontros sociais devido à expansão da pandemia.
O partido conservador de Angela Merkel, que deve escolher um novo líder e potencial candidato à chancelaria, decidiu celebrar seu próprio congresso, previsto para o começo de dezembro, devido à crise sanitária.
E o partido ecologista celebrou sua própria videoconferência no fim de semana passado.
A Alemanha superou nesta sexta o milhão de casos do novo coronavírus desde o início da pandemia, com quase 16.000 mortos, segundo dados do Instituto Robert Koch de vigilância sanitária.
ilp/cls/pc/es/eg/mvv
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.