Irmã do líder norte-coreano pede para EUA não 'espalhar cheiro de pólvora'
Seul, 16 Mar 2021 (AFP) - A influente irmã do líder norte-coreano, Kim Jong Un, investiu nesta terça-feira (noite de segunda, 15, no Brasil) contra os Estados Unidos e a Coreia do Sul, noticiou a agência sul-coreana de notícias Yonhap, no início da visita dos novos secretários de Estado e Defesa americanos a Tóquio e Seul.
Os Estados Unidos e a Coreia do Sul iniciaram exercícios militares conjuntos na semana passada e a imprensa oficial norte-coreana publicou um comunicado de Kim Yo Jong com um "conselho à nova administração dos Estados Unidos, que está lutando por difundir o cheiro de pólvora na nossa terra do outro lado do oceano", reportou a Yonhap.
"Se quiserem dormir bem nos próximos quatro anos, seria melhor que não façam nada que lhes faça perder o sono", declarou a irmã do líder norte-coreano segundo a agência.
É a primeira referência explícita das autoridades norte-coreanas ao novo governo em Washington, mais de quatro meses após a eleição de Joe Biden para substituir Donald Trump, embora em nenhum momento mencione o nome do democrata.
As ameaças surgem por ocasião da visita do secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, e do secretário de Defesa, Lloyd Austin, a Tóquio, primeira parada da primeira viagem ao exterior das duas autoridades americanas, que visam estreitar os laços entre os Estados Unidos e seus parceiros asiáticos em relação à China.
"Marcha da guerra"
A abordagem incomum de Trump à política externa o levou a trocar insultos e ameaças de guerra com Kim Jong Un antes de iniciar um romance diplomático que levou a uma série de cúpulas.
Mas, no final, a relação não se traduziu em avanços para a desnuclearização da Coreia do Norte, que está sujeita a várias sanções internacionais por seu programa de armas.
As negociações estão paralisadas desde o fracasso da segunda reunião entre Kim Jong Un e Trump no final de fevereiro de 2019 em Hanói. Um dos motivos dessa estagnação é a ausência de acordo sobre as concessões que a Coreia do Norte deveria fazer em troca da retirada das sanções internacionais.
O processo de negociação foi promovido pelo presidente sul-coreano, Moon Jae-in, mas a relação entre Seul e Pyongyang se deteriorou desde o fracasso da cúpula de Hanói.
Cerca de 28.500 soldados americanos estão posicionados na Coreia do Sul para proteger o país de um eventual ataque da Coreia do Norte. Seul e Washington, unidos por um tratado militar, realizaram recentemente uma simulação virtual de exercícios militares conjuntos.
O Norte sempre condena esses exercícios como uma preparação para a invasão e, em sua declaração, Kim Yo Jong garante que o "governo sul-coreano escolheu mais uma vez a 'Marcha da Guerra'", a "Marcha da Crise" em vez de "colocar as pessoas em primeiro lugar".
Falta de comunicação
Blinken e Austin chegaram a Tóquio na segunda-feira e, nesta terça, conversaram com seus colegas japoneses sobre a política de Washington sobre a Coreia do Norte.
Em uma declaração conjunta, pediram a "desnuclearização completa" de Pyongyang, alertando que o arsenal norte-coreano "representa uma ameaça à paz e estabilidade internacionais".
Blinken se recusou, no entanto, a comentar as declarações feitas pela irmã do líder norte-coreano.
"Estamos estudando se medidas de pressão adicionais poderiam ser eficazes, se os canais diplomáticos fazem sentido, tudo isso está sendo analisado", declarou o secretário de Estado.
A equipe do presidente dos EUA, Joe Biden, vem tentando há semanas entrar em contato com a Coreia do Norte, mas sem sucesso.
"Tentamos entrar em contato com o governo norte-coreano por meio de vários canais desde meados de fevereiro, especialmente em Nova York", revelou um alto funcionário dos Estados Unidos nesta segunda-feira, que pediu o anonimato.
Por 'Nova York', ele se referia à representação norte-coreana nas Nações Unidas, já que Washington e Pyongyang não mantêm relações diplomáticas.
"Até agora, não recebemos nenhuma resposta de Pyongyang", continuou.
De acordo com o alto funcionário, o objetivo desse contato é reduzir os "riscos de escalada" na península coreana.
Um funcionário do governo Biden enfatizou que "não há diálogo ativo" entre Washington e Pyongyang há "mais de um ano".
No início de janeiro, pouco antes da posse de Biden, Kim Jong Un disse que os Estados Unidos são o "maior inimigo" da Coreia do Norte, antes de garantir que a política de Washington com Pyongyang "nunca" mudará, "independentemente de quem esteja no poder".
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