Mediadores internacionais na Rússia pedem que Talibã desista de ofensiva no Afeganistão
O governo afegão e uma delegação Talibã se reuniram nesta quinta-feira (18) em Moscou, na presença de enviados estrangeiros, para negociar a formação de um "governo" de transição antes de uma possível retirada dos Estados Unidos.
A reunião ocorre em um momento de intensificação dos esforços para alcançar um acordo de paz antes de 1º de maio, data em que os Estados Unidos devem retirar todas as suas tropas do Afeganistão.
Essa data, no entanto, foi questionada na quarta-feira pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.
Washington propôs às partes beligerantes afegãs a formação de um governo de transição que inclua os talibãs. Esta ideia, apoiada por Moscou, recebeu até agora uma recepção morna por parte das autoridades de Cabul.
Horas antes, o cofundador do movimento Talibã, o mulá Abdul Ghani Baradar, pediu que deixassem os afegãos "decidirem seu próprio destino".
"O mundo teria que levar em consideração os valores islâmicos, a independência e os interesses nacionais do povo afegão", tuitou um porta-voz, resumindo um discurso proferido a portas fechadas.
Por sua vez, o chefe do conselho de reconciliação do governo afegão, Abdullah Abdullah, afirmou que Cabul queria acelerar as negociações e que "os dois lados estão conduzindo suas negociações e discussões em um clima diferente" do de Doha, no Catar, onde também ocorrem conversações de paz.
Gulbuddin Hekmatyar, outro membro do governo afegão e ex-chefe de guerra conhecido como "o açougueiro de Cabul", estimou que a reunião desta quinta-feira em Moscou permitiu que as negociações com o Talibã saíssem do "impasse" no qual se encontravam.
"Houve uma conversa séria com todas as partes afegãs, cujo lema principal é que entendam e estejam prontos para negociar a paz", declarou o enviado do Kremlin ao Afeganistão, Zamir Kabulov, após a reunião.
"Comprometidos com o acordo"
Após receber as diferentes delegações, o ministro das Relações Exteriores russo, Serguei Lavrov, pediu a Washington e aos talibãs que "continuem comprometidos com as disposições do acordo" alcançado pelo governo do ex-presidente Donald Trump em fevereiro de 2020 no Catar.
Esse acordo exige a retirada das tropas americanas para 1º de maio de 2021 em troca de garantias de segurança e do compromisso dos talibãs de dialogar com Cabul.
Biden, no entanto, disse que seria "difícil" cumprir esse prazo, e os talibãs alertaram imediatamente contra qualquer atraso.
As negociações de Moscou, observadas por enviados paquistaneses, chineses e americanos, ocorrem paralelamente às iniciadas em setembro em Doha e às que a Turquia quer realizar em abril em Istambul.
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