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Diplomacia intensifica esforços para obter cessar-fogo; bombardeios prosseguem em Gaza

Fumaça na Faixa de Gaza após ataques de Israel; diplomacia trabalha para chegar a um cessar-fogo  -  EMMANUEL DUNAND/AFP
Fumaça na Faixa de Gaza após ataques de Israel; diplomacia trabalha para chegar a um cessar-fogo Imagem: EMMANUEL DUNAND/AFP

20/05/2021 06h36Atualizada em 20/05/2021 07h04

Os esforços diplomáticos devem ser intensificados hoje para tentar acabar com a escalada bélica entre Israel e Hamas, grupo islamita que governa a Faixa de Gaza, depois de uma nova noite de bombardeios.

Após um pedido do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, a favor de uma redução imediata nos confrontos que deixaram pelo menos 239 mortos em 10 dias, em sua maioria palestinos, e do fracasso de uma resolução apresentada pela França na ONU, bloqueada por Washington, chegou a vez de a Alemanha tentar conseguir o fim da violência.

O chefe da diplomacia alemã, Heiko Mass, está em Israel para negociações e expressou "solidariedade" ao país, ao mesmo tempo que pediu um cessar-fogo entre o Estado hebreu e o Hamas.

"Consideramos que o que Israel faz está contemplado no direito à autodefesa", declarou Maas durante uma entrevista coletiva ao lado do ministro israelense das Relações Exteriores, Gabi Ashkenazi.

"Israel faz uso agora desse direito e esse direito implica não permitir que as instalações de onde procedem os ataques contra alvos israelenses continuem funcionando", acrescentou em Tel Aviv, em referência aos ataques do exército do Estado hebreu desde 10 de maio no enclave palestino em resposta ao lançamento de foguetes.

"Deixe-me voltar a afirmar de maneira muito clara: para nós a segurança de Israel e com ela a segurança de todos os judeus na Alemanha não é negociável e Israel sempre pode contar com isso", afirmou.

Maas apontou, no entanto, que "o número de vítimas aumenta a cada dia e isso também nos preocupa muito. É por isso que apoiamos os esforços internacionais para instaurar um cessar-fogo".

O chefe da diplomacia alemã será recebido durante a noite pelo presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, em Ramallah, na Cisjordânia ocupada, mas não terá conversas diretas com o Hamas, organização considerada "terrorista" pela União Europeia e pelos Estados Unidos.

O Egito, país limítrofe com Israel e a Faixa de Gaza, também está envolvido em negociações intensas para tentar retomar a frágil trégua que estava em vigor há alguns anos entre Hamas e Israel, mas que foi interrompida na semana passada.

O ciclo de violência teve início em 10 de maio com o lançamento de foguetes do Hamas contra Israel em "solidariedade" com as centenas de manifestantes palestinos feridos em confrontos com a polícia na Esplanada das Mesquitas, em Jerusalém Oriental. Os distúrbios foram motivados pela ameaça de expulsão de famílias palestinas a favor de colonos israelenses em um bairro palestino de Jerusalém Oriental, ocupado por Israel durante mais de 50 anos.

Israel "aproveitou" a situação, afirmou na quarta-feira uma fonte militar do país, para "reduzir as capacidades" militares do Hamas. Há 10 dias, o exército israelense bombardeia Gaza, um território de dois milhões de habitantes e submetido a um bloqueio israelense há quase 15 anos.

Família destruída

Na madrugada de ontem para hoje, caças israelenses bombardearam as casas de pelo menos seis dirigentes do Hamas, segundo o exército. As sirenas foram acionadas no sul de Israel por uma nova salva de foguetes, reivindicada pela Jihad Islâmica, segundo grupo armado em Gaza.

Em Deir al-Balah (centro), uma família palestina foi destruída. Eyad Saleha, um deficiente físico, sua esposa grávida e a filha de três anos morreram em um bombardeio na quarta-feira.

"O que meu irmão fez? Estava apenas sentado em sua cadeira de rodas. O que sua filha fez? O que a esposa dele fez?", perguntou, sem conter as lágrimas, Omar Saleha, irmão de Omar.

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) considera que a "população de Gaza e Israel precisam urgentemente de uma trégua".

O CICV informou Israel e o Hamas que a partir desta quinta-feira seus funcionários "iniciarão deslocamentos para responder às necessidades urgentes". As duas partes têm uma "clara responsabilidade para facilitar nossos movimentos", acrescentou em um comunicado.

Desde o início da escalada, ao menos 227 palestinos, incluindo mais de 60 menores de idade e vários combatentes do Hamas, faleceram nos bombardeios israelenses na Faixa de Gaza, segundo o ministério da Saúde local.

Em Israel, os lançamentos de foguetes a partir de Gaza deixaram 12 mortos, de acordo com a polícia.

Os movimentos armados palestinos já lançaram contra o território israelense mais de 4.000 foguetes, mas a maioria foi interceptada. Este é o maior ritmo de lançamento de projéteis contra Israel, segundo o exército.

Momento oportuno

O presidente Biden "expressou ao primeiro-ministro que espera uma significativa redução para encaminhar um cessar-fogo", afirmou ontem a Casa Branca, após a quarta conversa entre o chefe de Estado americano e o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu desde o início da crise.

O governo dos Estados Unidos, que reivindica uma abordagem diplomática "discreta", se negou a apoiar um projeto francês de resolução no Conselho de Segurança da ONU para pedir o fim das hostilidades.

Na quarta-feira, um oficial militar israelense afirmou que o país avaliava o "momento oportuno para um cessar-fogo" e acrescentou que o exército estava preparado para "vários dias" de conflito.

"O que tentamos fazer é justamente isto: diminuir suas capacidades (do Hamas), seus recursos terroristas e diminuir sua determinação", afirmou Netanyahu, antes de expressar a decisão de "prosseguir com a operação até alcançar o objetivo: restabelecer a calma e a paz".

Nos últimos dias também explodiram confrontos com as forças israelenses em várias cidades e campos palestinos na Cisjordânia, que deixaram mais de 25 mortos, o balanço mais grave no território em muitos anos.