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Bombardeios israelenses em Gaza podem constituir "crimes de guerra", afirma comissária da ONU

21.mai.2021 - Um homem resgata itens da Torre Al-Jalaa na cidade de Gaza, um prédio que hospedava os escritórios da agência de notícias Associated Press e também do canal de televisão inglês Aljazeera, destruído por um ataque aéreo israelense durante o recente conflito militar entre Israel e o Enclave palestino governado pelo Hamas, após um cessar-fogo intermediado pelo Egito. - MAHMUD HAMS / AFP
21.mai.2021 - Um homem resgata itens da Torre Al-Jalaa na cidade de Gaza, um prédio que hospedava os escritórios da agência de notícias Associated Press e também do canal de televisão inglês Aljazeera, destruído por um ataque aéreo israelense durante o recente conflito militar entre Israel e o Enclave palestino governado pelo Hamas, após um cessar-fogo intermediado pelo Egito. Imagem: MAHMUD HAMS / AFP

27/05/2021 06h58

Os bombardeios israelenses sobre Gaza poderiam ser considerados crimes de guerra, afirmou nesta quinta-feira (27) a Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, ao destacar que não há evidências de que os edifícios tomados como alvos eram usados com fins militares.

"Se for verificado que o impacto sofrido por civis e bens materiais civis foi indiscriminado e desproporcional, este ataque poderia constituir um crime de guerra", disse Bachelet no início de uma reunião extraordinária do Conselho de Direitos Humanos da ONU.

O conflito entre Israel e o movimento islamita Hamas, no poder em Gaza, foi o quarto desde 2008 e começou em 10 de maio com o lançamento de foguetes por parte do Hamas contra o território israelense, em resposta aos confrontos na Esplanada das Mesquitas, em Jerusalém Oriental, ocupada por Israel.

O Estado hebreu respondeu com bombardeios em Gaza e os ataques, segundo Bachelet, provocaram "vários mortos e feridos entre os civis e geraram destruição e danos materiais em larga escala em bens civis".

Trata-se de "edifícios governamentais, casas, edifícios residenciais, organizações humanitárias internacionais, instalações médicas e estradas que permitem aos civis ter acesso aos serviços essenciais como os hospitais", mencionou.

"Apesar das afirmações de Israel que assegura que vários destes edifícios abrigavam grupos armados ou eram usados com fins militares, não observamos provas a respeito", completou Bachelet.

Os confrontos em Jerusalém Oriental, antes da ofensiva entre Israel e Hamas, surgiram pela ameaça de despejo de famílias palestinas da parte leste da cidade, em benefício dos colonos israelenses.

"Esta escalada está diretamente relacionada com os protestos e a dura resposta das forças de segurança israelenses, primeiro em Jerusalém Oriental e depois em todo o território palestino ocupado assim como em Israel", disse Bachelet.

Ela também afirmou que os lançamentos de foguetes do Hamas "são indiscriminados e não distinguem entre alvos militares e civis, o que significa que seu uso é uma clara violação do direito internacional humanitário".

De 10 a 21 de maio, 254 palestinos morreram nos bombardeios israelenses em Gaza, incluindo 66 menores de idade e também milicianos. Em Israel, os foguetes lançados a partir da Faixa mataram 12 pessoas.