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Haiti espera tempestade enquanto ainda enfrenta consequências do terremoto

Danos são vistos em uma área depois que um grande terremoto atingiu o sudoeste do Haiti, em Jeremie, Haiti - TWITTER @JCOMHaiti/via REUTERS
Danos são vistos em uma área depois que um grande terremoto atingiu o sudoeste do Haiti, em Jeremie, Haiti Imagem: TWITTER @JCOMHaiti/via REUTERS

16/08/2021 16h43

Dois dias depois do poderoso terremoto que atingiu o Haiti, matando mais de 1.400 pessoas, as equipes de resgate se apressam na busca por desaparecidos possivelmente presos nas ruínas, enquanto uma tempestade ameaça piorar ainda mais a situação nesta segunda-feira (16).

A depressão tropical Grace despeja chuvas torrenciais sobre o Haiti e ameaça causar inundações e deslizamentos de terra no país e na vizinha República Dominicana, alertou o Centro Nacional de Furacões americano, com sede em Miami.

Mas o Haiti ainda lida com o desastre de um terremoto na manhã de sábado. De acordo com os últimos dados da Proteção Civil, divulgados na tarde de segunda-feira, a catástrofe deixou 1.419 mortos, mais de 6.900 feridos e um número maior que 37.000 casas destruídas ou danificadas.

Na pequena cidade costeira de Port Salut, como no resto das áreas afetadas, os residentes enfrentaram um dilema: ficar ao ar livre para se proteger de tremores secundários ou se mudar para prédios danificados para se proteger da forte tempestade pela depressão tropical Grace.

O hospital da cidade decidiu tentar proteger os pacientes que se amontoaram no pátio sob lonas de plástico desde o terremoto. Ao meio-dia de segunda-feira, os pacientes estavam sendo transferidos para dentro do estabelecimento, apesar do medo de tremores secundários.

"Os médicos estão pedindo que voltemos para debaixo do teto de concreto esta noite, mas até agora não temos certeza. Ainda está tremendo, é por isso que estamos fora", disse Wilfried Labaye, de 41 anos.

Sua esposa, Esperance Rose Nadine, de 36 anos, está deitada no chão ao lado dele. Ambas as pernas foram esmagadas quando sua casa nas montanhas próximas desabou.

Labaye está preocupado não apenas com a saúde de sua esposa, mas também com o clima, do qual eles não podem escapar. "Não sei como será essa tempestade", acrescenta.

Ajuda internacional

Junto com enfermeiras que cuidam dos feridos, Aline Cadet, uma parteira de 26 anos, se assusta com os boletins meteorológicos.

"Psicologicamente não estamos bem. Não temos ideia de como vamos enfrentar", diz. "Há mulheres grávidas aqui, algumas perderam seus bebês em quedas ou ferimentos".

Muitos países, como Estados Unidos, República Dominicana, México e Equador, já ofereceram ajuda com o envio de pessoal, rações de emergência e equipamentos médicos.

O exército dos Estados Unidos anunciou a criação de uma missão militar conjunta, assim como o envio de uma equipe para avaliar a situação na área de desastre. Quatro helicópteros foram mobilizados para servir de transporte.

As imagens aéreas obtidas pelas equipes dos EUA "ajudarão a determinar que tipo de ajuda é necessária, onde e quando".

As equipes de resgate trabalham nas áreas afetadas com caminhões e retroescavadeiras, como na cidade de Les Cayes, perto do epicentro do terremoto, a cerca de 160 quilômetros da capital haitiana, Porto Príncipe.

O primeiro-ministro Ariel Henry, que declarou no sábado o estado de emergência durante um mês nos quatro departamentos afetados pela catástrofe, agradeceu neste domingo a comunidade internacional.

"Queremos dar uma resposta mais adequada que em 2010 após o terremoto. Toda a ajuda que vem do exterior deve ser coordenada pela Direção de Proteção Civil", exigiu o chefe de governo, ao mesmo tempo em que pediu "união nacional" aos compatriotas.

"Vamos esquecer nossos rancores", pediu Henry, que dirige o país mais pobre da América após o assassinato do presidente Jovenel Moise em 7 de julho.

O terremoto de magnitude 7, de 12 de janeiro de 2010, devastou a capital e várias cidades do interior. Mais de 200.000 pessoas morreram e cerca de 300.000 ficaram feridas na catástrofe.