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Com coordenação de vice-almirante, Portugal vira exemplo de vacinação

11.set.2021 - O Vice-Almirante Henrique Gouveia e Melo e outros militares da operação de vacinação reúnem-se no posto de vacinação contra covid-19 em Lisboa - Patricia de Melo Moreira/AFP
11.set.2021 - O Vice-Almirante Henrique Gouveia e Melo e outros militares da operação de vacinação reúnem-se no posto de vacinação contra covid-19 em Lisboa Imagem: Patricia de Melo Moreira/AFP

Em Seixal

14/09/2021 08h43

Portugal, um dos países do mundo com maior índice de vacinação contra a covid-19, deve boa parte do sucesso ao rigor e sangue frio do oficial da Marinha que coordena a missão.

Aplaudido ao visitar um centro de vacinação na cidade de Seixal, ao sul de Lisboa, o vice-almirante Henrique Gouveia e Melo se tornou uma figura popular nos últimos meses.

"Faz um trabalho excelente. Graças a ele que Portugal se tornou um bom aluno", declarou à AFP Roseane Santos, que acompanhou o filho adolescente na aplicação da segunda dose da vacina.

"Não sou mais que a ponta do iceberg", afirma, com modéstia, o militar de 60 anos.

Portugal, com 80% de sua população de quase 10 milhões de habitantes totalmente vacinada, está lado a lado com Malta como líder mundial na imunização contra a covid-19.

"Nós, os portugueses, temos o senso de comunidade quando somos atacados. Havíamos sido atacados por um vírus que destruiu nossas vidas e reagimos da melhor maneira: unidos para vencer juntos esta pandemia", declarou à AFP o ex-porta-voz da Marinha.

Polêmicas e ofensas

O jogo, porém, não estava ganho quando o militar foi nomeado, em fevereiro, como coordenador da equipe responsável pela campanha de vacinação.

Seu antecessor foi obrigado a renunciar por uma polêmica sobre as listas de pessoas com prioridade de vacinação, em detrimento dos profissionais da linha de frente do combate à doença.

Tranquilizados com o rigor de um militar, os portugueses acompanharam o momento em que o vice-almirante Gouveia e Melo suportou de maneira estoica as ofensas proferidas contra ele, diante das câmeras de televisão, por ativistas antivacinas.

"Tem direito a sua opinião, mas não a empurrar ou pressionar as pessoas", respondeu a um ativista que o chamou de "assassino" na entrada de um centro de vacinação.

Depois do incidente de meados de agosto, quando os adolescentes de mais de 12 anos começaram a ser vacinados, o oficial foi colocado sob proteção policial.

E quando a imprensa passou a especular um futuro na política, ele descartou a ideia e afirmou que deseja retornar ao "anonimato" o mais rápido possível.

"Ganhar a guerra"

"Não vou retirar o uniforme de trabalho até que tenhamos vencido a guerra", prometeu.

Portugal deseja alcançar 85% da população plenamente vacinada até o fim de setembro e reduzir novamente as restrições sanitárias.

O país, um dos primeiros afetados pela contagiosa variante Delta, controlou a última onda da pandemia ao acelerar a campanha de vacinação com a aplicação de até 100 mil doses diárias.

Com o número de novos contágios em queda após várias semanas, o uso de máscara a céu aberto deixou de ser obrigatório na segunda-feira.

Gouveia de Melo "foi capaz de tomar decisões rápidas para acelerar o ritmo quando foi possível", afirma o economista Pedro Pita Barros, especialista em saúde.

Mas o êxito também se deve à confiança dos portugueses no serviço de saúde pública, que já havia transformado o país, antes da pandemia, em um dos mais vacinados do mundo, destaca o especialista da New School of Business and Economics.

Ao contrário de outros países, Portugal não contempla oferecer uma terceira dose a pessoas de saúde mais frágil.