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Anistia acusa farmacêuticas de deixar países pobres sem vacina contra covid

9.fev.2021 - Profissional de saúde prepara dose da vacina da Sinopharm contra covid-19, em Lima, no Peru - Sebastian Castaneda/Reuters
9.fev.2021 - Profissional de saúde prepara dose da vacina da Sinopharm contra covid-19, em Lima, no Peru Imagem: Sebastian Castaneda/Reuters

21/09/2021 20h47

A Anistia Internacional (AI) acusou nesta terça-feira (21) as empresas farmacêuticas que produzem as vacinas contra a covid-19 de alimentar uma "crise de direitos humanos sem precedentes" e pediu o envio de 2 bilhões de doses aos países pobres.

Em um relatório intitulado "Uma dose dupla de desigualdade: as empresas farmacêuticas e a crise das vacinas covid-19", a ONG afirma que a maioria das empresas farmacêuticas não prioriza os países mais pobres.

A publicação acontece antes de uma cúpula global sobre vacinas que será realizada nesta quarta-feira.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, prometeu anunciar compromissos adicionais para vacinar os países menos desenvolvidos do mundo.

"Vacinar o mundo é nossa única saída desta crise. Deveria ser hora de saudar essas empresas, que criaram essas vacinas tão rapidamente, como heróis", afirmou a secretária-geral da Anistia, Agnes Callamard, em um comunicado.

"Mas, em vez disso, para sua vergonha e dor coletiva, o bloqueio intencional da transferência de conhecimento das grandes farmacêuticas e suas manobras pró-ricos criaram uma escassez de vacina totalmente previsível e totalmente devastadora para muitos outros."

A ONG analisou as políticas da AstraZeneca, Pfizer, BioNTech, Moderna, Johnson & Johnson e Novavax - cuja vacina ainda não foi aprovada - sobre direitos humanos, preços, propriedade intelectual, intercâmbio de conhecimento e tecnologia, alocação de doses e transparência.

A conclusão foi que "em vários graus, os seis fabricantes de vacinas falharam em cumprir suas responsabilidades no que diz respeito aos direitos humanos".

Das 5,76 bilhões de doses administradas, apenas 0,3% foram para países de renda "baixa", enquanto 79% foram para países de renda "média-alta" e "alta", de acordo com a ONG.

Pfizer, BioNTech e Moderna planejam obter um lucro total de US$ 130 bilhões até o final de 2022, de acordo com a Anistia, que afirma que "os lucros nunca devem exceder vidas".

A Anistia Internacional pediu às empresas e governos para "mudarem de rumo" e fornecerem 2 bilhões de vacinas para países de renda baixa e média.