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Trump tinha um 'homem da música' para acalmar sua ira, diz novo livro

O então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em cerimônia no Salão Oval, na Casa Branca - Saul Loeb/AFP
O então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em cerimônia no Salão Oval, na Casa Branca Imagem: Saul Loeb/AFP

28/09/2021 16h06

Um assistente apelidado de "o homem da música" tinha a tarefa de tocar melodias para acalmar Donald Trump quando ele se enfurecia, segundo o livro de uma ex-secretária de imprensa da Casa Branca que descreve o temperamento "assustador" do ex-presidente americano.

Stephanie Grisham, famosa por não dar uma única coletiva de imprensa televisionada quando foi a principal porta-voz de Trump, relatou sua experiência com o ex-presidente republicano no livro "I'll Take Your Questions Now" (Agora vou responder suas perguntas, em tradução livre).

O ex-presidente e sua esposa, Melania, repudiaram energicamente o livro, que teve trechos divulgados nesta terça-feira nos jornais The New York Times e The Washington Post.

A atual porta-voz de Trump, Liz Harrington, qualificou Grisham como uma "ex-funcionária descontente" e disse que o que ela escreveu está "cheio de falsidades".

No entanto, como testemunha privilegiada dos turbulentos anos do mandato de Trump, o livro de Grisham se tornou foco de atenção antes de ser publicado na semana que vem.

Segundo o Times, um alvo frequente da ira de Trump era o então advogado-chefe da Casa Branca, Pat Cipollone, porque advertia Trump de que estava tentando fazer coisas que "não fossem nem antiéticas, nem ilegais. Então, (o que Trump fazia)... Gritar com eles".

Às vezes, o descontentamento de Trump gerava situações estranhas, aponta Grisham.

Certa vez, ela conta estar no avião presidencial Air Force One e foi chamada para ouvir Trump defender o tamanho do seu pênis, após a comparação pouco elogiosa de que se parecia com um "cogumelo", feita pela atriz pornô Stormy Daniels, com quem Trump teve um caso.

Para acalmar Trump, segundo o livro, um assistente conhecido pelos funcionários da Casa Branca como "o homem da música" tocava para ele canções da Broadway, incluindo "Memory", do musical de sucesso "Cats".

Segundo Grisham, a Casa Branca sob o comando de Trump girava em torno do enorme ego do chefe, inclusive quando isso significava mentir às pessoas ou produzir boatos nocivos.

Um exemplo foi a misteriosa visita de Trump ao hospital presidencial no Centro Médico Walter Reed em 2019. A negativa da Casa Branca em explicar o motivo da visita levou a especulações de que estaria sendo omitido um grave problema de saúde.

Grisham conta que o presidente foi simplesmente submeter-se a um "procedimento muito comum", insinuando que tivesse sido uma colonoscopia.

No entanto, Trump negou-se a tomar anestesia porque isto suporia ceder o poder por um curto período de tempo ao seu vice-presidente, Mike Pence, e ele acreditava que isso seria "demonstrar fragilidade", ainda segundo o Times.

Sobre seu muito criticado desempenho enquanto ocupava o cargo de secretária de imprensa da Casa Branca, no qual com frequência não respondia a jornalistas e acabou com a tradicional coletiva de imprensa diária, Grisham diz que só estava tentando evitar problemas.

"Sabia que cedo ou tarde o presidente ia querer que dissesse ao público algo que não era verdade ou que me faria parecer louca", escreve.