Chanceler austríaco Sebastian Kurz renuncia em meio a suspeita de corrupção
O chanceler austríaco Sebastian Kurz anunciou, neste sábado (9), sua renúncia, em meio à crescente pressão sobre seu envolvimento em um escândalo de corrupção.
Em comunicado transmitido pela televisão, Kurz disse que "seria irresponsável" deixar o país em meio ao "caos ou bloqueio" por essas denúncias, que chamou de "falsas", e que quis garantir que a Áustria tenha "estabilidade".
"Quero ceder o cargo para evitar o caos", afirmou Kurz, que revelou ter proposto ao ministro das Relações Exteriores, Alexander Schallenberg, para que fosse seu sucessor.
Desde que a abertura de uma investigação por corrupção do primeiro-ministro foi anunciada na quarta-feira, Kurz estava nas cordas.
Primeiro, o líder conservador de 35 anos negou as acusações e denunciou que eram alegações "fabricadas".
Mas, na quinta-feira, os Verdes austríacos, parceiro minoritário da OVP no governo, questionaram a capacidade de Kurz de continuar no cargo de chanceler.
Werner Kogler, vice-chanceler e líder dos ambientalistas, garantiu na sexta-feira que Kurz "não estava mais apto para exercer suas funções", após uma série de encontros com líderes de outros partidos. Também disse que o ÖVP deveria propor o nome de um substituto irrepreensível.
Neste sábado, Kogler afirmou que a renúncia do chanceler foi "um passo correto e importante" e explicou que se encontrará com Schallenberg no domingo para discutir o futuro da coalizão.
No entanto, a oposição pediu aos Verdes que continuem trabalhando com os conservadores após o surgimento do último escândalo.
A líder dos Social-democratas (SPOe), Pamela Rendi-Wagner, criticou que, apesar de sua renúncia, Kurz continuaria servindo como "chanceler fantasma".
De acordo com o Ministério Público, entre 2016 e 2018 foram publicados artigos elogiosos e pesquisas favoráveis a Kurz em troca da compra de um espaço publicitário pelo Ministério da Fazenda, na época nas mãos dos conservadores. A investigação se baseia em uma série de mensagens telefônicas.
"Serei capaz de esclarecer tudo, tenho certeza", declarou Kurz, que afirmou que as mensagens foram escritas "sob o impulso do momento".
"Sou apenas humano, com minhas emoções e meus erros", se defendeu.
Milhares de pessoas se reuniram na quinta-feira perto da sede do partido conservador no centro de Viena para exigir a renúncia do primeiro-ministro, segurando cartazes com frases como "Contra a corrupção" ou "Você deveria ter vergonha".
Chanceler por quase quatro anos -Kurz conquistou a chancelaria pela primeira vez em dezembro de 2017 graças a uma polêmica coalizão com o partido de extrema direita FPÖ, uma união que ruiu após o envolvimento do parceiro em um escândalo de corrupção em maio de 2019 conhecido como "Ibizagate".
Nesse caso de corrupção, o líder da extrema direita ofereceu mercados públicos em troca de apoio eleitoral a uma mulher que se passava por oligarca russa, de acordo com um vídeo gravado com uma câmera escondida.
Kurz trocou de aliados e voltou ao poder em janeiro de 2020, com a ajuda dos Verdes, na primeira aliança entre ecologistas e conservadores na Áustria.
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