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Ex-policial negro Eric Adams é eleito prefeito de Nova York

O prefeito eleito da cidade de Nova York, Eric Adams, acena para os apoiadores durante sua festa da noite da vitória da eleição de 2021  - Angela Weiss/AFP
O prefeito eleito da cidade de Nova York, Eric Adams, acena para os apoiadores durante sua festa da noite da vitória da eleição de 2021 Imagem: Angela Weiss/AFP

Da AFP, em Nova York (EUA)

02/11/2021 22h43Atualizada em 04/11/2021 00h38

O democrata Eric Adams, um ex-capitão da polícia nova-iorquina, que fez da luta contra o racismo uma máxima de sua vida, se tornou nesta terça-feira (2) o novo prefeito de Nova York e o segundo negro a governar a maior cidade dos Estados Unidos.

Com 78% dos votos apurados, Adams, de 61 anos, liderava com 66,5%, contra 28,8% do republicano Curtis Sliwa.

Em Manhattan ele obteve 81% dos votos, no Bronx 76%, além de 71% no Brooklyn e 59% em Queens, enquanto em Staten Island registrava 27% contra 68% do pitoresco republicano, de 67 anos, fundador dos 'Guardian Angels', um grupo de voluntários que tem o objetivo de patrulhar as ruas ao lado da polícia.

"Esta noite eu realizei meu sonho e de todo o coração vou remover as barreiras que estão impedindo vocês de realizar os seus", disse um emocionado Adams, depois de acenar para simpatizantes em um hotel do Brooklyn onde celebrou a vitória.

Adams, prometeu que trabalhará para reduzir as desigualdades no templo do capitalismo e ajustar uma economia muito afetada pela pandemia de covid-19, que provocou 34 mil mortes na cidade.

E foi especialmente aplaudido quando disse que lutará contra a insegurança e a criminalidade, preocupação central de uma parte do eleitorado, que confia nele por sua longa experiência de 22 anos na polícia.

Adams, que é vegano, é o segundo afrodescendente a chegar à prefeitura de Nova York depois de David Dinkins (1990-93).

Ele assumirá o cargo em 1º de janeiro, como sucessor do impopular Bill de Blasio.

Revanche

Emocionado após votar no bairro do Brooklyn, onde nasceu no seio de uma família pobre, Adams disse na terça-feira que esta eleição é uma espécie de revanche para aquele "rapazinho" que flertou com a delinquência e a exclusão social, assim como para os nova-iorquinos de famílias populares.

"Espero que seja totalmente diferente do atual (Bill de Blasio) e que a polícia faça seu trabalho, pois há delinquência demais" nas ruas, disse à AFP Iris Carreño, uma dominicana de 60 anos, para quem a situação piorou após a pandemia de covid-19.

"Esfaqueiam as pessoas por nada", afirmou.

Sua compatriota Maria, de 50 anos, diz que "a gente tem medo de sair para ir ao armazém ou ao supermercado e pelos filhos, que alguma coisa possa acontecer com eles".

"Se Eric não resolver o que prometeu, esta é a última vez que voto em um democrata", disse à AFP o também dominicano Gabriel Taveras, de 69 anos, muito decepcionado com o prefeito Bill de Blasio.

Ao contrário de Blasio, cuja mensagem populista o levou à vitória em 2013, Adams, um centrista, venceu as primárias do partido com forte apoio dos eleitores da classe média, da comunidade negra e do movimento operário e conta com o apoio dos ricos, aos quais cortejou para que tenham um papel importante na recuperação econômica da cidade.

Também se apresenta como um líder determinado, defensor das classes médias e populares, e símbolo da luta contra a discriminação racial.

Da prefeitura, Adams chefiará a maior força policial dos Estados Unidos, a NYPD, com 36.000 funcionários, cuja reforma prometeu aprofundar.

Ele vai administrar um orçamento de 98,7 bilhões de dólares para o exercício 2021-2022, o maior de um município nos Estados Unidos.

A prefeitura de Nova York é considerada o cargo mais difícil do país, depois da Presidência.