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Vacinação de crianças contra a covid-19 vira debate entre pais nos EUA

O debate da vacinação contra a covid-19 em crianças já é uma realidade nos Estados Unidos - iStock
O debate da vacinação contra a covid-19 em crianças já é uma realidade nos Estados Unidos Imagem: iStock

Da AFP

04/11/2021 06h00Atualizada em 04/11/2021 08h13

Os mais novos devem ser vacinados contra a covid-19? O debate já é uma realidade nos Estados Unidos, onde a Agência de Alimentos e Medicamentos (FDA) autorizou a vacina Pfizer/BioNTech para crianças de 5 a 11 anos.

Essa decisão abriu caminho para a imunização de quase 28 milhões de crianças dessa faixa etária.

Na terça-feira (2), os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) deram luz verde, no último passo para iniciar a nova fase da campanha de vacinação.

Nos Estados Unidos, quase dois milhões de crianças com idades entre 5 e 11 contraíram covid-19 e pelo menos 172 morreram, de acordo com o CDC. Os números são baixos em relação ao total de casos (45,8 milhões) e óbitos (mais de 743 mil) no país, mas são preocupantes.

Agora os pais devem decidir. A AFP entrevistou vários deles para perguntar se iam ou não vacinar seus filhos.

Daniela Boettcher, a favor

Daniela Boettcher, de 45 anos, é uma pró-vacina convicta. Tanto que nem esperou a aprovação do produto da Pfizer para imunizar sua filha de cinco anos, Lia.

Na sexta-feira passada, a menina deveria receber uma dose da vacina anticovid da Moderna como parte de um teste, mas o laboratório americano adiou a data por uma semana.

Para ela, a decisão foi fácil. "Acredito totalmente em vacinas", diz. "Eu li todos os artigos que dizem que os benefícios superam outros possíveis efeitos".

Quer vacinar Lia por dois motivos. O primeiro é o medo de que contraia a doença e sofra de covid persistente, já que se conhece uma série de sintomas — neurológicos, físicos ou psiquiátricos — que duram meses após a infecção.

O segundo é prático. Cada vez mais lugares estão pedindo um teste de covid-19 para poder acessá-los. Um incômodo para Boettcher, que viaja várias vezes por ano para a Alemanha, seu país natal, e que não quer ir repetidamente fazer o teste de coronavírus com sua família.

David Winker e Cristina Hernandez, indecisos

Cristina Hernandez Winker e David Winker ainda não sabem se sua filha de oito anos deve ser vacinada contra a covid-19.

Apesar da aprovação, eles têm dúvidas sobre os possíveis efeitos da vacina Pfizer para a menina, que se chama Cristina em homenagem à mãe.

"Não pensamos duas vezes antes de sermos vacinados. Mas isso é um pouco diferente", diz David Winker. "Temos 50 anos, vamos viver mais 20. Mas ela tem oito e vai viver mais 70. Quais são os efeitos a longo prazo [da vacina]?"

Cristina Hernández compartilha dessas dúvidas. "Minha filha nasceu prematura e estou preocupada em saber como isso afetará seu sistema imunológico", explica ela. A menina também tem alergias, outro motivo de preocupação para os pais.

O casal não descarta que a filha tome a vacina, mas quer mais informações. Depois de consultar o seu pediatra, decidirão.

Sucelys Alvarez, contra

Sucelys Alvarez deixou claro que não vacinará seu filho de sete anos, aluno da Center Academy, uma escola particular em Miami que teve várias polêmicas nos últimos meses sobre a imunização contra a covid-19.

O centro escreveu aos pais de seus alunos, sem comprovação científica, que as vacinas podem ser contagiosas, prejudicando a fertilidade das mulheres e o desenvolvimento das crianças.

"Não sei o que há nessas vacinas", diz Alvarez, que também tem um filho de dois anos. "Acho que as crianças precisam de imunidade e nutrição e com isso têm mais do que suficiente", acrescenta.

Para esta mãe de 29 anos, a vacina "consiste apenas em produtos químicos com Deus sabe o quê" e "nenhum pai deve colocá-la no corpo de seus filhos".