Os yazidis, a minoria mais perseguida pelo Estado Islâmico
Os Yazidis, cujo "genocídio" no Iraque foi reconhecido nesta terça-feira (30) por um tribunal alemão pela primeira vez, são uma pequena minoria étnica e religiosa de língua curda que ficou conhecida em 2014 por ser a mais perseguida pelos terroristas do grupo Estado Islâmico (EI).
Em agosto de 2014, o EI arrasou as montanhas de Sinjar, localizadas no noroeste do Iraque, multiplicando os abusos contra seus habitantes, os yazidis.
Os extremistas islâmicos sujeitaram as mulheres à escravidão sexual, mataram centenas de homens e recrutaram crianças-soldados.
No mundo inteiro, os yazidis somam um milhão e meio, e um terço desta comunidade se encontra no Iraque. Outras comunidades estão estabelecidas na Turquia, na Geórgia e na Armênia, sem contar a diáspora no Ocidente, segundo o site do Vaticano.
Vivendo em cantos remotos das montanhas do Curdistão, os yazidis, comunidade de língua curda, seguem uma religião, cujas origens remontam ao mazdeísmo, nascido no Irã há quase 4.000 anos, e ao culto de Mitra. Com o tempo, incorporaram elementos do Islã e do Cristianismo.
Os yazidis oram a Deus em direção ao sol e veneram sete anjos, sendo o mais importante deles Melek Taus, ou Anjo-Pavão. Eles pronunciam suas orações em curdo e não têm nenhum livro sagrado.
A tradição yazidi proíbe o casamento fora da comunidade e até mesmo em seu próprio sistema de castas. As crenças e práticas dos yazidis - como a proibição de comer alface e vestir a cor azul - são considerados por seus críticos como satânicas.
Os muçulmanos ortodoxos consideram o pavão uma figura demoníaca, e os yazidis foram rotulados como "adoradores do diabo".
Como iraquianos não-árabes e não-muçulmanos, têm sido uma das minorias mais vulneráveis do país. Milhares de famílias fugiram do Iraque em razão da perseguição do governo de Saddam Hussein, em particular para a Alemanha.
A Constituição iraquiana de 2005 reconheceu o direito desta comunidade de praticar seu culto e reservou a ela assentos na Assembleia Nacional e no Parlamento autônomo curdo.
Em agosto de 2007, enormes caminhões-bomba destruíram quase inteiramente duas aldeias yazidis no norte do Iraque. Mais de 400 pessoas foram mortas nas explosões.
Em agosto de 2014, o destino dos yazidis mudou, quando o EI conquistou os arredores do Monte Sinjar, reduto desta comunidade no norte do Iraque. Em poucas horas, milhares de pessoas fugiram pelas montanhas áridas, procurando refúgio no Curdistão iraquiano. Outras centenas, talvez milhares, morreram no ataque, ou durante a fuga nas montanhas.
Segundo a Anistia Internacional, os jihadistas executaram homens e sequestraram centenas, talvez milhares, de mulheres, que foram vendidas como noivas para combatentes, ou reduzidas à condição de escrava sexual.
Dos 550.000 yazidis no Iraque antes da perseguição jihadista, quase 100.000 deixaram o país, e outros foram para o Curdistão.
Desde agosto de 2014, especialistas da ONU pediram à comunidade internacional uma ação urgente para impedir "um potencial genocídio" contra os yazidis. Em setembro de 2017, o Conselho de Segurança da ONU adotou uma resolução proposta pelo Reino Unido para ajudar o Iraque a reunir provas dos crimes atribuídos ao EI.
E, em agosto de 2018, os investigadores da ONU começaram a recolher no Iraque as provas dos massacres e de outras atrocidades cometidas pelo EI.
Além da minoria yazidi, dezenas de milhares de cristãos iraquianos, a maioria seguidores da Igreja Católica Caldeia, também fugiram em agosto, após a ofensiva do EI, que detém muitas cidades e vilas cristãs da planície de Nínive (norte).
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