Os símbolos misteriosos vistos no deserto do Qatar que intrigam arqueólogos
O sítio arqueológico de Al Jassasiya, local com a maior quantidade de arte rupestre do Golfo, intriga pesquisadores há décadas, desde que foi descoberto em 1957, no meio do deserto do Qatar. Imagens de navios, possíveis jogos de tabuleiro e outros símbolos misteriosos estão gravadas em rochas por todo o território, e pouco se sabe sobre a história por trás do trabalho artístico.
Entre 1973 e 1974, uma equipe dinamarquesa, liderada por Holger Kapel e seu filho Hans Kapel, começou a catalogar as descobertas feitas no sítio. Até o momento, os arqueólogos já encontraram cerca 900 petróglifos, nome científico dado às gravuras rupestres. Em alguns casos, o que se pode distinguir são apenas padrões e motivos indecifráveis, mas há representações claras, como embarcações desenhadas vistas de cima.
"Embora a arte rupestre seja comum na Península Arábica, algumas das esculturas em Al Jassasiya são únicas e não podem ser encontradas em nenhum outro lugar", explicou Ferhan Sakal, chefe de escavação e administrador do Museus do Qatar, em entrevista à CNN. "Essas esculturas representam um alto grau de criatividade e habilidades de observação dos artistas que as fizeram", completou.
Mais de um terço das figuras encontradas em Al Jassasiya são marcas circulares, chamadas de "cup marks", de diferentes formas e tamanho. Um padrão recorrente consiste na distribuição paralela de fileiras de sete buracos. Os pesquisadores acreditam que essa disposição era feita com o objetivo de jogar mancala, uma classe de jogos de tabuleiro também conhecida como jogo de semeadura, com prática registrada em sociedades africanas e asiáticas desde a antiguidade.
Apesar disso, a teoria não tem o apoio de toda a comunidade arqueológica. Alguns pesquisadores apontam que os buracos são muito pequenos e não seriam úteis para receber as pedras utilizadas no jogo. Outras hipóteses sugerem que as formações podem ter sido utilizadas para métodos de adivinhação, armazenamento de pérolas ou como sistemas para calcular a situação do tempo e das marés.
"Não temos pistas diretas sobre os motivos usados em Al Jassasiya. Na minha opinião, eles podem ter um significado e função ritual, que é muito antigo e não pode ser explicado etnograficamente", diz Sakal, que explica que não é possível sequer apontar a idade dos petróglifos. "Nós realmente não sabemos", afirma.
Um estudo científico chegou a ser realizado uma década atrás, quando nove gravuras rupestres foram avaliadas. Suspeita-se que elas não tenham mais do que algumas centenas de anos, mas é consenso entre os pesquisadores de que há necessidade de fazer novos estudos com novas técnicas.
Enquanto os padrões seguem intrigando os cientistas, as representações de embarcações fornecem um pouco mais de informações sobre o passado. Nesse caso, é possível ver com clareza o formato de um barco, com fileiras de remos, entre outros detalhes gravados no calcário. As imagens podem estar ali não como uma representação de viagens marítimas e sim como o retrato da crença de povos antigos, que usavam navios como símbolo da passagem após o fim da vida.
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