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Boris Johnson enfrenta risco de derrota fatal em reduto conservador inglês

O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, durante entrevista coletiva - Adrian Dennis/AFP
O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, durante entrevista coletiva Imagem: Adrian Dennis/AFP

16/12/2021 15h16

Londres, 16 dez 2021 (AFP) - O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, em rápida queda de popularidade entre a opinião pública britânica e inclusive entre os deputados conservadores, enfrenta nesta quinta-feira (16) uma eleição parcial em um reduto conservador e uma derrota poderia precipitar uma moção de censura dentro de seu partido.

Após uma série de escândalos nas últimas semanas ao redor do primeiro-ministro, cuja legitimidade é cada vez mais questionada por acusações de corrupção e de violação das regras anticovid no período de Natal do ano passado, mais 25% da bancada conservadora (99 de 361 deputados) se rebelou na terça-feira contra o governo em um votação sobre as novas restrições contra a variante ômicron.

As medidas foram aprovadas graças ao apoio da oposição trabalhista, mas esta foi a maior rebelião conservadora sofrida por Johnson, cuja renúncia é defendida pela maioria dos britânicos, de acordo com várias pesquisas.

Uma derrota nas eleições poderia colocar em dúvida a autoridade do premier, enquanto o Reino Unido enfrenta uma nova onda da pandemia, que registrou nesta quinta um novo recorde de casos pelo segundo dia consecutivo, com mais de 88.000 contágios.

No atual contexto, a eleição para repor a cadeira da circunscrição rural de North Shropshire, na região central da Inglaterra, ganhou um caráter de plebiscito sobre a liderança de Johnson.

Esta circunscrição com pouco mais de 80.000 eleitores vota de maneira fiel há várias décadas nos candidatos conservadores. Owen Paterson, que ocupava a cadeira desde 1997, recebeu em 2019 os votos de 23.000 eleitores.

Mas Paterson foi obrigado a renunciar recentemente, depois de ter sido acusado de pressionar integrantes do governo de Johnson para defender os interesses de duas empresas para as quais atuava como consultor remunerado.

Além disso, o primeiro-ministro tentou modificar as regras parlamentares para proteger Paterson, o que provocou a irritação de boa parte dos deputados e eleitores.

"Não é apto"

"Isso não faz mais do que confirmar o que eu, minha família e muita gente pensamos durante muito tempo: este homem não é apto para ser primeiro-ministro", disse à AFP Garry Churchill, um morador de North Shropshire de 71 anos que "não pode imaginar" que as pessoas voltem a votar nos conservadores nesta quinta.

A imprensa também começou a antecipar uma derrota conservadora.

Se isto ocorrer, isso ameaçaria precipitar o envio de cartas de desconfiança dos membros do partido contra seu líder, um trâmite necessário para desencadear uma votação interna a fim de tirá-lo da liderança do partido.

O jornal conservador The Daily Telegraph informa que "alguns deputados sugeriram de maneira privada que a perda de North Shropshire seria o último prego no caixão da liderança de Johnson".

E se perder a liderança do partido, Johnson teria que deixar também Downing Street, como aconteceu com sua antecessora Theresa May em 2019.

Doses de reforço para popularidade

O Partido Liberal-Democrata é o mais bem posicionado para assumir a cadeira de North Shropshire, auxiliado pelo voto tático dos trabalhistas, com os quais estabeleceram uma aliança para tentar infligir uma derrota ao primeiro-ministro.

A situação é diametralmente oposta ao mês de maio, quando os conservadores, que estavam com grande popularidade graças ao sucesso da campanha de vacinação contra a covid-19, arrebataram da oposição trabalhista seu histórico reduto de Hartlepool, na região nordeste da Inglaterra.

Agora o coronavírus volta a ser uma grande preocupação entre os britânicos, que a poucos dias das festas de Natal observam cada vez mais eventos cancelados e receberam a recomendação de limitar as interações diante da disparada sem precedentes de casos.

Para evitar que os hospitais entrem em colapso, o governo Johnson estabeleceu a meta gigantesca de oferecer uma dose de reforço da vacina contra a covid a todos os adultos até o fim de ano.

O desafio logístico implica um milhão de injeções por dia e mais centros de vacinação foram abertos - com funcionamento por mais horas. Mas nada garante que, mesmo que a meta seja alcançada, isto será suficiente para devolver ao líder conservador a popularidade perdida.