Mianmar tem 'ingredientes para guerra civil', diz presidência da Asean
Mianmar tem "todos os ingredientes para uma guerra civil", disse o ministro das Relações Exteriores do Camboja, país que este ano detém a presidência rotativa da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean).
"A crise política e de segurança em Mianmar se agrava e levou a uma crise econômica, sanitária e humanitária", afirmou o chanceler Prak Sokhonn.
"Todos os ingredientes para uma guerra civil estão sobre a mesa", insistiu.
Os comentários foram feitos antes da visita do primeiro-ministro do Camboja, Hun Sen, a Mianmar na sexta e no sábado (7 e 8), em uma tentativa de neutralizar a crise deflagrada pelo golpe militar de fevereiro contra o governo civil de Aung San Suu Kyi.
Desde então, o país se viu mergulhado no caos, com protestos, desobediência civil e luta armada contra a junta militar. A resposta oficial se deu na forma de uma dura e sangrenta repressão que deixou mais de 1.400 mortos, de acordo com um grupo de vigilância local.
"Hoje, existem dois governos, existem várias forças armadas, as pessoas estão implantando o que chamam de movimento de desobediência civil e há conflitos de guerrilhas em todo país", descreveu o chanceler.
Em uma conferência organizada por um "think tank" em Singapura na segunda-feira (3), Prak Sokhonn rebateu as críticas à visita do primeiro-ministro - de que seria uma tentativa de legitimar a junta militar - e disse que sua preocupação "é melhorar a situação" em Mianmar.
A visita quer "preparar o caminho para o progresso (...) criando um ambiente propício para um diálogo inclusivo e para a confiança política entre todas as partes afetadas", insistiu.
Desde o golpe, houve poucos avanços nesse sentido, apesar das tentativas de mediação da Asean.
A visita de um enviado especial do bloco regional a Mianmar foi adiada depois que a junta se recusou a permitir um encontro com a líder civil Aung San Suu Kyi, detida desde fevereiro.
Em resposta, a Asean excluiu o líder da junta birmanesa de uma cúpula de alto nível do bloco realizada em outubro.
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