Topo

Esse conteúdo é antigo

Tomada de reféns em sinagoga no Texas termina na morte do suspeito

Autoridades cercaram a área no sábado (15) - Shelby Tauber/Reuters
Autoridades cercaram a área no sábado (15) Imagem: Shelby Tauber/Reuters

16/01/2022 14h07

Uma tomada de reféns em uma sinagoga no estado americano do Texas terminou, no sábado (15), com todos os reféns libertados sãos e salvos, e o suspeito, morto - anunciaram o governador Greg Abbott e a polícia.

Depois de cerca de dez horas de negociações, "uma equipe de resgate invadiu a sinagoga" e libertou as três pessoas que ainda estavam sendo mantidas como reféns, informou o chefe de polícia da pequena cidade de Colleyville, Michael Miller, em entrevista coletiva.

Um quarto refém havia sido libertado horas antes.

"O suspeito está morto", acrescentou Miller.

O agente especial do FBI (a Polícia Federal americana) em Dallas Matt DeSarno acrescentou que os quatro reféns, entre eles o rabino local, Charlie Cytron-Walker, não precisaram de cuidados médicos e, em breve, estariam reunidos com suas famílias.

"Não os machucou de forma alguma", disse ele.

Jornalistas no local relataram uma forte explosão e tiros na sinagoga pouco antes de o governador Abbott anunciar no Twitter que "todos os reféns estão vivos e a salvo", às 21h30 (00h30 em Brasília).

O sequestro na Congregação Beth Israel, em Colleyville, cerca de 40 quilômetros a oeste de Dallas, foi acompanhado com preocupação pela comunidade judaica nos Estados Unidos e pelo governo israelense. O presidente Joe Biden também foi mantido informado sobre a situação, de acordo com a Casa Branca.

- Exigências do sequestrador -O alerta disparou pela manhã e, rapidamente, circularam relatos de que se tratava de um sequestro. A emissora ABC News informou que o sequestrador estava armado e disse ter bombas em vários lugares.

O chefe de polícia Miller não confirmou esta informação, mas disse que havia "técnicos de explosivos limpando o local".

Citando um alto funcionário, a rede ABC relatou que o homem exigia a libertação de Aafia Siddiqui, uma cientista paquistanesa condenada a 86 anos de prisão, em 2010, por um tribunal de Nova York. Ela foi considerada culpada de tentativa de assassinato de autoridades americanas no Afeganistão. Agora, está detida em uma prisão no Texas.

O agente do FBI (a Polícia Federal americana) DeSarno afirmou que o suspeito foi identificado, mas não divulgou sua identidade, nem confirmou suas exigências. Estas "estavam concentradas em uma questão que não é especialmente ameaçadora para a comunidade judaica", disse ele.

Antes disso, a rede ABC havia noticiado que o homem garantia ser irmão de Siddiqui, embora depois tenha corrigido a informação, afirmando que o irmão dela se encontra em Houston. Alguns especialistas lembraram que a palavra árabe usada pelo sequestrador tinha sentido figurado e significava "irmã" da fé.

Em um comunicado enviado à emissora CNN, o advogado de Siddiqui declarou que ela "não estava envolvida, de modo algum", nesta situação e que o autor não era irmão de sua cliente.

Uma transmissão ao vivo da página da congregação no Facebook durante o culto do "Sabbat" pareceu captar a voz do homem falando, em tom muito alto, embora não mostrasse a cena dentro do centro religioso.

Na transmissão, ouvia-se um homem afirmar: "Ponham minha irmã no telefone" e "Eu vou morrer". Ele dizia ainda: "Há algo de errado com os Estados Unidos".

- "Antissemitismo" -Ellen Smith, membro dessa congregação que cresceu frequentando a sinagoga, disse em entrevista à CNN que a situação foi "chocante e terrível".

Segundo ela, a congregação era uma comunidade "unida", e o rabino, "o melhor homem que alguém poderia conhecer".

Para ela, este evento não foi uma surpresa.

"Os casos de antissemitismo têm crescido ultimamente", comentou.

Depois do ocorrido, o presidente Joe Biden prometeu "se opor ao antissemitismo e ao aumento do extremismo".

O incidente despertou preocupação na comunidade judaica e no governo israelense.

Em um tuíte, o primeiro-ministro israelense, Naftali Bennett, advertiu que "este evento é uma lembrança clara de que o antissemitismo continua vivo e que deve continuar sendo repelido em todo mundo".

"Comunidade judaica em Colleyville e ao redor do mundo: não estão sozinhos, permanecemos unidos com vocês", completou o premiê.

"Ninguém deveria ter medo de se reunir em seu local de culto", defendeu o Conselho de Relações da Comunidade Judaica, em um comunicado.

O Conselho de Relações Islâmico-Americanas condenou o episódio e ofereceu assistência às lideranças judaicas de Colleyville.