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MP da Alemanha pede prisão para homem de 101 anos que foi guarda nazista

Ex-suboficial da Waffen SS é acusado de cumplicidade no assassinato de cerca de 3,5 mil prisioneiros em campo de concentração - Tobias Schwarz/AFP
Ex-suboficial da Waffen SS é acusado de cumplicidade no assassinato de cerca de 3,5 mil prisioneiros em campo de concentração Imagem: Tobias Schwarz/AFP

Em Berlim (Alemanha)

17/05/2022 14h37Atualizada em 17/05/2022 14h38

O Ministério Público da Alemanha solicitou hoje cinco anos de prisão para Josef Schütz, de 101 anos, o mais velho acusado de crimes nazistas já processado, que está sendo julgado por atos cometidos enquanto era guarda no campo de concentração nazista de Sachsenhausen.

O ex-suboficial da Waffen SS é acusado de "cumplicidade" no assassinato de 3.518 prisioneiros no campo, localizado ao norte de Berlim, entre 1942 e 1945.

Se for condenado, porém, deve evitar a prisão devido a problemas de saúde.

O procurador-geral, Cyrill Klement, disse que as provas haviam sido "totalmente confirmadas" e o acusou não apenas de se adaptar às condições do campo, mas de ter feito carreira no local.

Ao longo do julgamento, que começou em outubro no tribunal de Brandenburg-Havel (leste), o centenário sustentou que nunca havia exercido qualquer responsabilidade em Sachsenhausen.

Para o procurador, "não há dúvida de que Schütz trabalhou em Sachsenhausen". Por esse motivo, solicitou uma pena superior ao mínimo de três anos de prisão por cumplicidade em assassinato prevista no código penal alemão.

Schütz permaneceu impassível ao anúncio. O veredicto está previsto para o início de junho.

A Alemanha, que durante anos relutou em processar todos os perpetradores de crimes nazistas, expandiu na última década as investigações aos guardas de campos e outros que fizeram parte da máquina nazista.

Mas esses julgamentos de pessoas muito idosas levantaram questões sobre essa justiça tardia.

O julgamento de Josef Schütz, que tinha 21 anos quando os eventos começaram, teve que ser interrompido várias vezes devido à saúde dele. Ele é suspeito de, entre outras coisas, atirar em prisioneiros soviéticos e "ajudar e ser cúmplice" de "assassinatos com gás" do tipo Zyklon B.

O campo de Sachsenhausen, ativo entre 1936 e 22 de abril de 1945, quando os soviéticos o libertaram, recebeu 200 mil prisioneiros, principalmente opositores políticos, judeus e homossexuais.

Dezenas de milhares deles morreram, principalmente por exaustão devido ao trabalho forçado e às duras condições de vida.