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Justiça suíça abre processo contra Platini e Blatter por fraude

08/06/2022 12h57

Bellinzona, Suíça, 8 Jun 2022 (AFP) - Depois de seis anos de uma investigação em meio a lutas de poder, o processo contra Michel Platini e o ex-presidente da FIFA Sepp Blatter foi aberto nesta quarta-feira (8) na Suíça, pelo caso do pagamento suspeito que acabou com suas carreiras em 2015.

Sem dizer uma palavra, o francês de 66 anos e o suíço de 86 compareceram ao julgamento no Tribunal Criminal de Bellinzone, na Suíça, por "fraude", "gestão desleal", "abuso de confiança" e "falsa documentação".

"Estou muito confiante", assegurou Sepp Blatter à imprensa, "com a consciência tranquila", antes de entrar no tribunal em um julgamento até 22 de junho, cujo veredicto é esperado em 8 de julho.

Ele só falou ao final da audiência para apontar seu cansaço, enquanto as audiências acontecem apenas pela manhã devido à sua saúde precária após uma cirurgia cardíaca.

Sem dar explicações no momento sobre os antecedentes do dossiê, os réus viram a defesa de Platini tentando ampliar o quadro, para incluir um processo diferente daquele que o atual presidente da FIFA, Gianni Infantino, é alvo desde 2020.

Deve-se debater apenas a conta de 2 milhões de francos suíços (1,8 milhão de euros/cerca de 2 milhões de dólares) apresentada pelo francês em 2011 e aprovada por Blatter, como propõe a Promotoria? Ou é uma conspiração com o objetivo de retirar a tríplice Bola de Ouro da disputa pela presidência da FIFA, que lhe parecia prometida quando o caso eclodiu em 2015, instrumentalizando a justiça?

- "Teoria da conspiração" -"Há uma ligação direta" entre as alegações de fraude contra Platini, presidente da UEFA na época, e várias reuniões secretas entre Infantino e o ex-procurador-chefe da Suíça, diz Dominic Nellen, um de seus advogados.

Mas o promotor Thomas Hildbrand descartou qualquer relação entre os dois casos, antes que a advogada da Fifa, Catherine Hohl-Chirazi, denunciasse uma "teoria da conspiração" para desviar as acusações.

Os três magistrados seguiram essa mesma lógica, recusando-se a juntar os dois casos. O julgamento será retomado na quinta-feira de manhã sobre o pagamento acordado a Michel Platini com a aprovação de Blatter.

Defesas e acusação concordam em um ponto: o francês foi assessor de Blatter entre 1998 e 2002, durante o primeiro mandato do suíço à frente da Fifa, e os dois dirigentes assinaram um contrato em 1999 que estabeleceu uma remuneração anual de 300.000 francos suíços "faturado pelo senhor Platini e integralmente pagos pela Fifa", segundo a Promotoria.

Mas em janeiro de 2011, "mais de oito anos após o fim da sua atividade como assessor", o ex-capitão da seleção francesa "alegou uma dívida de 2 milhões de francos suíços (quase de dois milhões de dólares)", paga pela entidade que comanda o futebol mundial "com a participação" de Sepp Blatter.

Para a acusação, este foi um pagamento "sem fundamento", que induziu "de maneira hábil ao erro" os controles internos da Fifa por meio de declarações enganosas dos dois dirigentes.

Ambos insistem que decidiram desde o início por um salário anual de um milhão de francos suíços, em um acordo oral e sem a presença de testemunhas.

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