Quase 42 mil detidos em El Salvador durante ação de 'guerra' contra gangues
El Salvador acumula quase 42 mil detidos no quadro de uma "guerra" contra as gangues declarada há quase três meses pelo presidente Nayib Bukele, disse nesta quinta-feira (16) o procurador-geral, Rodolfo Delgado.
"A última contagem feita na madrugada [de quinta-feira] já refletia mais ou menos 41.846 pessoas detidas", revelou Delgado ao Canal 10 da televisão local.
Do total de supostos membros de gangues presos, o Ministério Público conseguiu que 33.258 "ficassem detidos provisoriamente" por um período de seis meses.
Outros 8.588 ainda não iniciaram o julgamento, enquanto 456 recuperaram a liberdade na primeira audiência porque "não estavam ligados a gangues", disse Delgado.
Terminados os primeiros seis meses de detenção de um suposto membro de gangue, o Ministério Público pode solicitar a "prorrogação" da prisão por mais seis meses, dependendo da "complexidade" dos casos.
"Acreditamos que uma detenção de pelo menos um ano nos permitiria concluir o processo contra essas pessoas", sublinhou o procurador.
Entre as "provas" que, segundo Delgado, são usadas para demonstrar a ligação do detento com a organização criminosa, estão "as marcas [tatuagens de suas respectivas gangues] que eles têm no corpo", e as drogas que foram apreendidas.
Os 1.015 veículos encontrados em seu poder e que "provem de atividades como extorsão" também são usados como prova, além de armas de fogo apreendidas em batidas policiais ou após confrontos com forças de segurança.
De acordo com o último balanço do Ministério da Justiça e Segurança, também foram apreendidos 1,5 milhão de dólares em dinheiro das gangues, 821 armas de fogo e 8.994 telefones celulares.
O assassinato de 87 pessoas entre 25 e 27 de março, em crimes atribuídos a gangues, levou o Congresso a decretar o regime de emergência a pedido do próprio Bukele, que foi prorrogado pelo menos até o final de junho. O procurador Delgado espera que se espalhe novamente.
Sob um regime excepcional, as autoridades podem realizar prisões sem ordem judicial. O Parlamento, controlado por aliados do presidente, também aumentou as penas para crimes relacionados a gangues.
Em El Salvador, operam principalmente as gangues Mara Salvatrucha (MS-13) e Barrio 18. Antes dessas ações do governo, cerca de 16.000 de seus membros já estavam presos.
Mas com as prisões dos últimos três meses, 57.846 membros estariam atrás das grades, 83% dos 70.000 membros que essas gangues teriam no país.
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