Rússia promete 'sérias' consequências à Lituânia por restrições de trânsito para Kaliningrado
A Rússia alertou nesta terça-feira (21) que tomará "sérias" medidas contra a Lituânia, país que integra a União Europeia e a Otan, pela imposição de restrições ao trânsito ferroviário para seu exclave de Kaliningrado em razão das sanções ocidentais contra Moscou.
"A Rússia, é claro, reagirá a esses atos hostis. Medidas apropriadas estão sendo elaboradas no nível interministerial e serão adotadas em breve", anunciou Nikolai Patrushev, secretário do Conselho de Segurança da Rússia, durante visita a Kaliningrado, um exclave russo situado entre Lituânia, Polônia e o Mar Báltico.
"Haverá sérias consequências negativas para a população da Lituânia", acrescentou Patrushev, citado pela agência de notícias Interfax.
Na segunda-feira, a Rússia disse que a Lituânia havia introduzido restrições ao tráfego ferroviário para a região de Kaliningrado no fim de semana como parte das sanções europeias pela invasão da Ucrânia.
Este exclave estratégico e militarizado, sede da frota russa no Mar Báltico, faz fronteira com a Lituânia e a Polônia, dois países-membros da Otan e da União Europeia que apoiam firmemente a Ucrânia desde o início do conflito.
Em reação, o chefe da delegação da UE na Rússia, Markus Ederer, foi convocado ao Ministério das Relações Exteriores em Moscou nesta terça-feira.
Por sua vez, os Estados Unidos reagiram às ameaças russas oferecendo apoio à Lituânia. "Respaldamos nossos aliados da Otan e apoiamos a Lituânia", disse aos jornalistas o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price.
Em um comunicado, a diplomacia russa acusou a UE nesta terça-feira de encorajar uma "escalada" e exigiu a restauração imediata do trânsito para Kaliningrado.
No texto, apontou "a inadmissibilidade de tais ações, que violam as obrigações legais e políticas da União Europeia e levam a uma escalada de tensões".
Denunciando um "bloqueio", o governador de Kaliningrado, Anton Alikhanov, estimou que entre 40% e 50% das importações do enclave poderão sofrer restrições, desde carvão a metais, passando por materiais de construção e bens tecnológicos.
Alguns moradores da região disseram à AFP que não estão preocupados, pois as autoridades garantiram que as mercadorias poderão ser entregues por via marítima.
"É claro que as sanções deixarão sua marca em nossa região [...] Mas acho que o governo encontrará uma solução para essa situação muito rapidamente e que tudo será resolvido em um futuro próximo", disse Olga Klimova, funcionária municipal de 40 anos.
Semen Shchegolyatov, um marinheiro de 36 anos, comentou seu espanto pelo fato de a Rússia ter expressado surpresa com as restrições, já que era esperado que as sanções afetassem o trânsito de mercadorias.
"Há quatro meses começou a operação especial, como marinheiro que ia para a Lituânia fomos informados", explicou, lembrando que agora a única solução é desenvolver uma rota marítima.
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