Suspeito do massacre de 4 de Julho se vestiu de mulher para fugir
O suposto autor do massacre durante as celebrações do Dia da Independência em Highland Park preparou o ataque "durante semanas" e se disfarçou de mulher para evitar ser identificado, informou nesta terça-feira (5) a polícia desta cidade próxima de Chicago.
Robert Crimo, de 21 anos, usou um "rifle potente similar a um AR-15" para atirar do alto do teto de uma loja contra a multidão que assistia ao desfile de 4 de Julho, explicou Christopher Covelli, um agente da polícia local.
"Acreditamos que ele preparou o ataque durante semanas", completou.
Crimo "estava vestido com roupa de mulher" para ocultar sua identidade e é possível que tenha colocado uma peruca longa para esconder as tatuagens faciais. Após o ataque, abandonou a arma e se juntou às pessoas que fugiam do caos.
O jovem disparou mais de 70 vezes e causou sete mortos e feriu pelo menos 35 pessoas, de acordo com um saldo divulgado pela polícia nesta terça-feira.
Entre os mortos estão um casal, Irina e Kevin McCarthy, cujo filho de dois anos, Aiden, se salvou graças a um dos habitantes que levou a criança para um lugar seguro.
Nesta terça-feira, a rua principal do subúrbio continuava bloqueada pela polícia, deixando a sensação de que o tempo tinha parado ali.
Um carrinho de bebê, um triciclo e algumas cadeiras dobráveis abandonadas no local, entre outros objetos, evidenciam o caos gerado pela fuga generalizada da multidão após os disparos de segunda-feira.
O médico David Baum, que participou das operações de resgate, testemunhou o horror. "A visão terrível de alguns corpos é insuportável para uma pessoa normal", explicou, ao se referir às vítimas "destripadas" ou com os corpos crivados de balas.
"Facas"
Nascido em Highwood, uma pequena cidade vizinha, o autor dos disparos foi identificado graças a vídeos de vigilância e pelo rastreamento da arma, que ele comprou legalmente, informou Covelli. Foi preso na segunda-feira e, até o momento, não revelou a motivação do ataque.
As autoridades anunciaram as acusações contra Crimo nesta terça-feira à noite, informou Christopher Cavelli.
Segundo a polícia, o jovem tentou suicidar-se em abril de 2019 e foi submetido a um tratamento médico.
Em setembro de 2019, alguns agentes foram até a casa do suspeito após serem alertados de que ele estava ameaçando "matar todo mundo".
Na ocasião, a polícia apreendeu 16 facas, uma adaga e uma espada, mas Crimo não foi preso porque ninguém prestou queixas, explicou Cavelli.
Segundo o jornal local Chicago Tribune, em um vídeo publicado há oito meses, um jovem, que seria Robert Crimo, aparece em um quarto e em uma sala de aula com cartazes mostrando um homem armado atirando contra pessoas. E um comentário gravado em áudio: "Preciso fazer isso", "é o meu destino. Tudo me leva a isso. Nada pode me deter, nem mesmo eu".
Em imagens publicadas no Twitter do suspeito, é possível vê-lo com uma bandeira de apoio ao ex-presidente republicano Donald Trump nas costas.
A prefeita de Highland Park, Nancy Rotering, declarou à emissora NBC que conheceu o jovem quando ele era escoteiro e que a arma usada no massacre foi comprada legalmente.
"Tristeza"
"Aqui é onde precisamos refletir e perguntar o que aconteceu: como alguém ficou cheio de tanta raiva, de tanto ódio, para atacar inocentes que passavam um dia com suas famílias?", comentou Rotering.
Um drama que afundou a cidade em uma onda "incrível de tristeza e comoção". "Todos conhecem alguém que se viu afetado diretamente" pela tragédia, acrescentou a prefeita.
Paul Crimo, tio do suspeito, declarou nesta terça-feira à CNN que não tinha visto "nenhum sinal" que indicasse que seu sobrinho faria algo assim.
Quando aconteceu o massacre de 4 de julho, o país ainda estava se recuperando da comoção provocada por outros massacres a tiros recentes, um deles em uma escola de Uvalde, no Texas, que matou 21 pessoas, entre elas 19 crianças, em 24 de maio.
O presidente Joe Biden ordenou nesta terça-feira que as bandeiras sejam erguidas a meio mastro nos edifícios públicos. Recentemente, conquistou uma vitória política com o voto no Congresso de uma lei que regula a venda de armas nos Estados Unidos.
Segundo o site Gun Violence Archive, mais de 22.400 pessoas morreram por disparos de armas de fogo no decorrer deste ano, incluindo suicídios.
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