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EUA ignoram advertência da China e atravessam Estreito de Taiwan

28.ago.22 - O cruzador de mísseis guiados da classe Ticonderoga USS Antietam (CG 54), implantado na área de operações da 7ª Frota dos EUA, em andamento no Estreito de Taiwan - U.S. NAVY/VIA REUTERS
28.ago.22 - O cruzador de mísseis guiados da classe Ticonderoga USS Antietam (CG 54), implantado na área de operações da 7ª Frota dos EUA, em andamento no Estreito de Taiwan Imagem: U.S. NAVY/VIA REUTERS

28/08/2022 08h18Atualizada em 28/08/2022 16h04

Dois navios de guerra dos Estados Unidos navegaram no Estreito de Taiwan neste domingo (28), informou a Marinha americana, na primeira incursão deste tipo desde que a China executou manobras militares sem precedentes ao redor da ilha.

A navegação aconteceu depois que as tensões na área do Estreito de Taiwan atingiram este mês um nível que não era observado em vários anos, após a visita a Taipé da presidente da Câmara de Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi.

Em um comunicado, a Marinha afirmou que a manobra "demonstra o compromisso dos Estados Unidos com uma região Indo-Pacífico livre e aberta".

Após a visita de Pelosi —a terceira maior autoridade eleita do governo dos Estados Unidos —, a China reagiu com indignação e executou exercícios militares ao redor da ilha durante vários dias.

Taiwan —que tem um governo autônomo e onde vivem 23 milhões de pessoas —vive sob a constante ameaça de uma invasão por parte da China, que reivindica esta ilha de administração democrática como parte de seu território e promete recuperá-la algum dia, inclusive pela força, se necessidade.

Washington reconhece diplomaticamente Pequim sobre Taipé, mas mantém relações de fato com Taiwan e apoia o direito que a ilha tem de decidir seu futuro.

Pequim, no entanto, considera Taiwan uma de suas províncias, que não conseguiu reunificar com o restante de seu território desde o fim da guerra civil chinesa (1949).

O Exército Popular de Libertação da China reagiu neste domingo e afirmou que o governo dos Estados Unidos "exagerou abertamente" a passagem dos navios pelo Estreito.

O Comando de Operações do Leste do Exército da China "está acompanhando e advertindo os navios americanos durante toda a travessia e está a par de suas movimentações", afirmou o porta-voz, coronel Shi Yi.

"As tropas do departamento (leste) permanece em alerta máximo e estão preparadas a todo momento para desbaratar qualquer provocação", acrescentou.

"Liberdade de navegação e voo"

A 7ª Frota dos Estados Unidos afirmou que os dois navios da classe Ticonderoga, o USS Antietam e o USS Chancellorsville, cumpriram o trânsito "de rotina" no domingo "por águas onde se aplicam a liberdade de navegação e voo em alto-mar, de acordo com o direito internacional".

"Estes navios transitam por um corredor no estreito que está fora do mar territorial de qualquer país", destacou a Marinha.

"As Forças Armadas americanas voam, navegam e operam em qualquer lugar permitido pelo direito internacional", acrescentou em um comunicado.

O ministério taiwanês da Defesa confirmou em uma nota a passagem dos dois navios em uma trajetória do norte para o sul.

"Durante o percurso no sentido sul pelo Estreito de Taiwan, as Forças Armadas (taiwanesas) monitoraram todos os movimentos relevantes em nosso espaço aéreo e marítimo. A situação é normal.

Washington afirmou que sua posição sobre Taipé permanece inalterada e acusa Pequim de ameaçar a paz no Estreito de Taiwan, usando a visita de Pelosi como pretexto para exercícios militares.

As manobras chinesas incluíram o lançamento de mísseis balísticos em águas próximas a Taiwan, uma das rotas de navegação mais transitadas do mundo.

Taiwan também organizou exercícios militares para simular a defesa contra uma invasão, com a participação de seu principal avião de combate.

As ameaças a Taiwan se tornaram mais intensas no governo do atual presidente chinês, Xi Jinping.