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Hamas executa 5 palestinos em Gaza, dois deles por 'colaboração' com Israel

04/09/2022 09h23

Pela primeira vez em cinco anos, o movimento islâmico armado Hamas, no poder na Faixa de Gaza, executou cinco palestinos neste domingo, dois deles por "colaboração" com Israel. 

"Na manhã deste domingo, a sentença de pena de morte foi executada contra dois condenados por colaborar com a ocupação (Israel) e outros três por processos criminais", anunciou o Hamas em comunicado, no qual assegurou que os cinco "tiveram anteriormente o plena direito de se defender" perante os tribunais locais. 

O Ministério do Interior da Faixa de Gaza, território palestino de 2,3 milhões de pessoas sob controle do Hamas desde 2007, revelou o ano de nascimento e outros detalhes de cada caso, mas não a identidade dos executados. 

Os dois condenados por "colaboração" com Israel são dois homens nascidos em 1968 e 1978. O mais velho dos dois é um residente de Khan Younis (sul) que foi "enforcado". Ele foi condenado pela justiça local por fornecer a Israel, desde 1991, "informações sobre membros da resistência, seus locais de residência" e "a localização da fabricação de foguetes e locais de lançamento", disse o Hamas. 

O segundo foi "fuzilado" por fornecer informações a Israel desde 2001 que levaram ao "ataque e martírio de cidadãos" pelas forças israelenses, acrescentou o Hamas. 

As outras três pessoas executadas tinham condenações anteriores por assassinato, disse o Ministério do Interior do Hamas em comunicado.

Sven Kuehn von Burgsdorff, embaixador da União Europeia para os Territórios Palestinos, expressou seu choque. 

"O Hamas deve respeitar as obrigações dos palestinos sob a lei internacional", disse ele, apontando para a "moratória da pena capital" imposta pela Autoridade Palestina de Ramallah.

O Centro Palestino de Direitos Humanos em Gaza declarou que essas execuções "eram uma violação das obrigações internacionais" e pediu às autoridades de Gaza que parem de "usar a pena de morte" e a substituam pela condenação "perpétua".

Omar Shakir, diretor para Israel e territórios palestinos da ONG Human Rights Watch, chamou as execuções de "odiosas". 

"A pena de morte emitida por um governo é uma prática bárbara que não tem lugar no mundo moderno", disse ele no Twitter.

Nos últimos anos, as autoridades de Gaza condenaram à morte várias pessoas por vários crimes ou por "colaboração" com o Estado de Israel, embora essas sentenças de morte não tenham sido cumpridas. 

As últimas execuções conhecidas datam de 2017. Três palestinos -Ashraf Abu Leila, Hisham al Alul e Abdalá al Nashar- foram executados publicamente após serem sentenciados em um julgamento rápido perante a justiça militar local, por terem participado do assassinato de um comandante do Hamas, Mazen Faqha, "de Israel" . 

Como neste domingo no caso dos dois executados por "colaboração" com Israel, o Hamas justificou as execuções de 2017 sob o código revolucionário da Organização para a Libertação da Palestina (OLP). 

O Hamas, no entanto, não faz parte da OLP, cujo código revolucionário está desatualizado na questão da pena capital em relação à Lei Básica Palestina de 2003. 

A Autoridade Palestina, liderada por Mahmud Abas, também aderiu em 2019 ao tratado da ONU que busca abolir a pena de morte.

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© Agence France-Presse