Países do Ocidente acusam Rússia de sabotagem em Nord Stream; entenda a hipótese
A tese de "sabotagem" é privilegiada para explicar os vazamentos espetaculares dos gasodutos Nord Stream, uma operação certamente complexa, mas possível para atores competentes.
A hipótese de falhas acidentais simultâneas parecia descartada nesta quarta-feira (28), enquanto as causas continuam desconhecidas, assim como seu autor.
Zona vigiada
Os três vazamentos identificados desde segunda-feira se encontram no Mar Báltico, em frente à ilha dinamarquesa de Bornholm, entre o sul da Suécia e a Polônia. A região é bastante vigiada há décadas.
"No passado, a URSS mobilizou submarinos espiões com habilidades especiais" na região, comenta o analista naval independente HI Sutton no Twitter. Desde então, os países bálticos se aliaram à Otan.
Os vazamentos, no entanto, foram em águas internacionais, onde todos podem circular.
"Atualmente, a Marinha russa tem a maior frota de submarinos espiões do mundo. Eles estão baseados no Ártico e poderiam danificar um gasoduto no Báltico", garantiu HI Sutton, apesar de considerar a hipótese "improvável".
Sabotagem completa
A operação requer mergulhar a 70 metros de profundidade. "Danificar dois gasodutos no fundo do mar, não é algo fácil, por isso, provavelmente foi um ator estatal", afirma Lion Hirth, professor da Hertie School de Berlim, descartando implicitamente um ato terrorista.
Mas um exército competente poderia fazê-lo. Um militar francês de alta patente mencionou a possível instalação de minas por mergulhadores ou o uso de drones explosivos. "O drone partiria de um submarino localizado a várias milhas náuticas do local", explica.
Já a hipótese de torpedo, utilizado contra alvos em movimento, é menos verossímil. A explosão "corresponde a centenas de quilos de equivalentes a TNT", detalhou.
Quem?
As chancelarias apontam para Moscou, mas a Rússia argumenta que o gás vazado lhe pertence.
Os concorrentes do Nord Stream 2 são muitos, entre eles, os Estados Unidos.
Em 7 de fevereiro, pouco antes do início da invasão russa à Ucrânia, o presidente Joe Biden sugeriu a possibilidade de encerrar sua utilização.
Questionado sobre o método utilizado por uma infraestrutura sob controle de seu aliado alemão, respondeu: "Prometo que seremos capazes de fazê-lo". O vídeo circulou nas redes sociais durante 24 horas.
Na terça-feira, Polônia, Noruega e Dinamarca inauguraram um gasoduto estratégico que tornará os poloneses e europeus menos dependentes de Moscou. "A era do domínio russo no setor de gás chega ao fim", afirmou o primeiro-ministro polonês, Mateusz Morawiecki.
Duas certezas: a primeira é que o evento está relacionado à guerra na Ucrânia. "O comando marítimo da Otan e os navios aliados consideram e se preparam para atividades híbridas, incluindo a sabotagem de infraestruturas críticas, em paralelo ao objetivo principal da defesa coletiva", afirma Pawlak. A segunda é que cria uma maior instabilidade na economia europeia.
"Representa uma forte lembrança da vulnerabilidade de nossa infraestrutura energética", destaca Hirth.
Ele prefere a pista russa. "Se confirmada, é preocupante. Significa que a Rússia envia um claro sinal de que não fornecerá gás em um futuro próximo", adverte.
Seja quem for, o autor do ataque ao Nord Stream sugere que pode danificar outras infraestruturas energéticas que atendem à Europa sedenta por gás e petróleo.
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