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Coreia do Norte diz que testes de mísseis são 'autodefesa' contra EUA

Míssil balístico disparado pela Coreia do Norte durante teste, em imagem divulgada pela agência oficial norte-coreana KCNA em 10 de outubro de 2021 - KCNA via REUTERS
Míssil balístico disparado pela Coreia do Norte durante teste, em imagem divulgada pela agência oficial norte-coreana KCNA em 10 de outubro de 2021 Imagem: KCNA via REUTERS

08/10/2022 09h01Atualizada em 08/10/2022 09h35

A Coreia do Norte declarou neste sábado (8) que sua recente série de testes de mísseis, descrita por Washington, Seul e Tóquio como uma "séria ameaça", é uma medida de "autodefesa" contra os Estados Unidos.

Os testes de mísseis da Coreia do Norte aumentaram nos últimos dias. O país comunista realizou seis lançamentos em menos de duas semanas, sendo o último o de dois mísseis balísticos na quinta-feira.

Dois dias antes, na terça-feira, Pyongyang disparou um míssil balístico de alcance intermediário que sobrevoou o Japão e acionou um alarme de evacuação em seu território.

Testar mísseis "é uma medida regular e planejada de autodefesa para garantir a segurança do país e a paz regional diante das ameaças militares diretas dos Estados Unidos, que duram mais de meio século", disse a Agência de Aviação Civil da Coreia do Norte, de acordo com a agência de notícias estatal KCNA.

A mídia estatal publicou a declaração depois que a Organização Internacional da Aviação Civil (OIAC), que realiza sua reunião anual em Montreal, condenou na sexta-feira os lançamentos de projéteis de Pyongyang nos últimos meses, considerando que eram um perigo para a aviação civil.

A Coreia do Norte considera que a resolução aprovada por este órgão é "uma provocação política dos Estados Unidos e suas forças vassalas para transgredir a soberania da RPDC", sigla do nome oficial da Coreia do Norte.

"Grave ameaça"

Por sua vez, Estados Unidos, Coreia do Sul e Japão intensificaram seus exercícios militares conjuntos na área nas últimas semanas e, na quinta-feira, realizaram novas manobras nas quais participou um destróier da Marinha dos EUA do grupo de ataque do porta-aviões USS Ronald Reagan, movido a energia nuclear.

Os lançamentos ocorrem em um ano recorde de testes de armas pela Coreia do Norte, que o líder Kim Jong Un declarou uma potência nuclear "irreversível", encerrando a possibilidade de negociações de desnuclearização.

Os Estados Unidos impuseram sanções nesta sexta-feira a empresas e indivíduos na Ásia acusados de fornecer combustível a Pyongyang em violação às sanções da Organização das Nações Unidas, segundo o Departamento de Estado.

Washington, Tóquio e Seul participaram de uma reunião trilateral no mesmo dia e concordaram em "continuar a coordenar de perto as respostas de curto e longo prazo, inclusive com aliados e parceiros da ONU", acrescentou o Departamento de Estado dos EUA em comunicado.

Os últimos lançamentos de mísseis de Pyongyang "representam uma séria ameaça à paz e à segurança na região", apontou.

"Provocadoras"

Em outro comunicado, o regime norte-coreano disse que estava "tratando muito seriamente o desenvolvimento extremamente preocupante da situação atual", referindo-se à presença do porta-aviões USS Ronald Reagan nas manobras na área.

Essas manobras são "extremamente provocadoras e ameaçadoras", disse a agência KCNA.

Analistas asseguram que o país comunista aproveitou o bloqueio nas Nações Unidas devido às tensões entre Washington, Moscou e Pequim para acelerar seu programa de armas.

Os serviços de inteligência da Coreia do Sul e dos Estados Unidos vêm alertando há meses sobre um possível novo teste nuclear de Pyongyang, que seria o primeiro desde 2017.