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Cinquenta corpos são resgatados após deslizamento na Venezuela

Socorristas trabalhando em área de deslizamento após chuvas fortes em Las Tejerias, na Venezuela  - REUTERS/Leonardo Fernandez Viloria
Socorristas trabalhando em área de deslizamento após chuvas fortes em Las Tejerias, na Venezuela Imagem: REUTERS/Leonardo Fernandez Viloria

13/10/2022 16h55Atualizada em 14/10/2022 07h24

Cinquenta corpos foram resgatados após o deslizamento que atingiu a pequena cidade de Las Tejerías, na Venezuela, segundo um balanço divulgado na noite desta quinta-feira.

"Até o momento, temos oficialmente 50 pessoas que infelizmente perderam a vida e seus corpos foram entregues a familiares", informou o ministro do Interior, Remigio Ceballos, ao canal Telesur.

Nos últimos dois dias, o número de mortos havia ficado em 43. Além disso, há 56 desaparecidos, um número que Ceballos não atualizou. O presidente Nicolás Maduro chegou a falar em quase "uma centena de mortos".

Segundo o ministro, o trabalho não para nem à noite. "Estamos aqui sem descanso, é a ordem permanente", declarou.

'Questão de segundos'

No último sábado, quando ocorrreu a tragédia em Las Tejerías, choveu em oito horas o equivalente a um mês, segundo autoridades. "Foi uma questão de segundos", contou Jesús Chávez, sobrevivente de 32 anos.

"Conseguimos pular de telhado em telhado e as pessoas começaram a gritar: 'Socorro! Socorro!'(...) um menino primeiro, lhe passei um pedaço de cano, mas ele não conseguiu sair porque a corrente era muito forte. Foi levado". Chávez conseguiu resgatar seis pessoas, entre elas uma mulher "que perdeu seus dois bebês, um de poucos meses".

Com o apoio de cães farejadores e drones, milhares de bombeiros, militares e efetivos da Defesa Civil, com lama na altura dos joelhos e da cintura, mantêm as buscas entre galhos de árvores, escombros e pedras, orientados por moradores que, sem nenhuma esperança de que seus familiares tenham sobrevivido, apenas querem recuperar os corpos para poder sepultá-los.

Autoridades avançaram na limpeza das principais avenidas da cidade e restituíram os serviços de luz, água e telecomunicações. Contudo, ainda há muito a fazer. Há lugares que ainda estão completamente inacessíveis.

Militares lançaram de helicópteros na quarta-feira caixas de comida com pequenos paraquedas para atender a áreas isoladas.

O governo venezuelano habilitou locais para abrigos e anunciou que realocará as famílias em complexos habitacionais sociais em outros estados.

Visita da ONU

Uma comissão das Nações Unidas tem planos de visitar, com ajuda humanitária, Las Tejerías nesta sexta-feira, disse à AFP uma fonte da organização. Os insumos que serão entregues ainda estão sendo coordenados com as autoridades sanitárias.

"Tivemos uma reunião com representantes das Nações Unidas, de todo o sistema, que já estão se organizando para entrar de maneira coordenada", disse na quarta-feira a vice-presidente Delcy Rodríguez, que está responsável pela equipe governamental que atende à situação de emergência.

A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), por sua vez, informou em uma nota que doou ao Ministério da Saúde venezuelano "medicamentos e material de primeiros socorros para 5.000 pessoas".

"Assim será possível atender às necessidades urgentes de pessoas com diabetes e hipertensão e quem padece de infecções cutâneas e pulmonares", indicou. "Foram doados 10.000 tabletes purificadores de água, cada um deles com capacidade para purificar 10 litros".

Uma comissão da Opas já havia visitado a região no domingo, o dia seguinte à tragédia, segundo o comunicado.