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Suposto plágio de candidata a dirigir Suprema Corte agita política mexicana

26/12/2022 19h44

A magistrada Yasmín Esquivel, candidata a presidir a Suprema Corte do México e considerada próxima do chefe de Estado, Andrés Manuel López Obrador, está no olho do furacão pelas suspeitas de que se graduou com uma tese plagiada.

"Nisso todo o mundo concorda, que é uma cópia, disso não há dúvida. O que é preciso ver é quem copiou quem, quem plagiou quem", disse, nesta segunda-feira (26), López Obrador em sua coletiva de imprensa habitual.

Os magistrados do Supremo tribunal devem escolher seu novo titular o mais tardar em 2 de janeiro.

Esquivel, que busca se tornar a primeira mulher a ocupar esse cargo no México, garante que a tese com a qual obteve o título de advogada em 1987 foi copiada por um estudante que se formou um ano antes dela, mas que sua pesquisa começou em 1985.

"Nego terminante e categoricamente os apontamentos feitos a respeito de um suposto plágio de minha tese", manifestou no Twitter Esquivel, que denunciou o caso ao Ministério Público.

A jurista é casada com o empreiteiro José María Rioboó, de longa trajetória como prestador de serviços em distintos governos e que meios locais também consideram próximo do presidente.

O caso foi revelado por um acadêmico da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM). A instituição informou depois que havia encontrado um "alto nível de coincidências entre ambos os textos", sem citar os nomes dos envolvidos ou culpar alguém em particular.

López Obrador pediu nesta segunda que a UNAM estabeleça responsabilidades antes da eleição, e ressaltou que, em todo o caso, a última palavra será dos magistrados.

O presidente mexicano também indicou que, no fundo, trata-se de um ataque contra ele próprio, pois a oposição vê Esquivel como alguém próxima do mandatário.

"Afirmam que ela é a nossa candidata, o que não é certo, pois não temos candidatos, porque não corresponde a nós escolher e porque respeitamos a independência do Poder Judiciário", argumentou.

O presidente indicou que a magistrada "tem agido com muita retidão e tem apoiado" posturas do governo em polêmicas como a reforma do setor elétrico este ano, que ampliou a participação do Estado.

A menos de dois anos de terminar seu mandato e com uma popularidade perto de 60%, López Obrador agita a luta anticorrupção como uma de suas principais bandeiras, ao considerá-la o principal problema do México.

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© Agence France-Presse