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EUA fazem primeira execução de uma pessoa trans condenada à morte

Amber McLaughlin, 49, estava no corredor da morte por matar uma ex-namorada em 2003 - AFP PHOTO / Missouri Department of Corrections / HANDOUT
Amber McLaughlin, 49, estava no corredor da morte por matar uma ex-namorada em 2003 Imagem: AFP PHOTO / Missouri Department of Corrections / HANDOUT

04/01/2023 09h34Atualizada em 23/01/2023 17h59

Uma mulher transgênero condenada à morte por homicídio foi executada na noite de ontem no estado do Missouri, no centro dos Estados Unidos. Foi a primeira pessoa trans a cumprir a pena capital no país.

Amber McLaughlin, de 49 anos, foi declarada morta às 19h, horário local, no Bonne Terre Diagnostic and Correctional Center, Missouri, de acordo com um comunicado do departamento penitenciário estadual.

A rede de notícias local Fox2now informou que a sentença foi executada por injeção letal.

McLaughlin se tornou a primeira pessoa transgênero de qualquer sexo a morrer por pena de morte no país e também a primeira pessoa a ser executada em 2023.

Ela foi declarada culpada de matar uma ex-namorada em 2003 em um subúrbio da cidade de Saint Louis, no Missouri.

Sem aceitar a separação, McLaughlin já havia assediado sua ex-companheira até o ponto em que ela, chamada Beverly Guenther, precisou recorrer a medidas de proteção na Justiça.

No dia do crime, McLaughlin a esperou na saída do trabalho com uma faca de cozinha. Guenther foi estuprada e esfaqueada e seu corpo foi lançado no rio Mississippi.

Ao final do julgamento em 2006, um júri considerou McLaughlin culpada de homicídio, mas não conseguiu chegar a um consenso sobre a sentença.

O juiz de primeira instância interveio e impôs a pena de morte, o que é permitido nos estados de Missouri e Indiana.

Sob a alegação de que o júri não a condenou à morte, a defesa pediu ao governador Mike Parson que comutasse sua sentença para prisão perpétua.

"A pena de morte considerada aqui não reflete a consciência da comunidade, mas de apenas um juiz", argumentaram os advogados em seu pedido de clemência, que também apontou que McLaughlin teve uma infância difícil e apresentava transtornos psiquiátricos.

Sua solicitação obteve o apoio de pessoas de alto perfil, incluindo dois legisladores do Missouri na Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Cori Bush e Emanuel Cleaver.

Em uma carta ao governador, os advogados disseram que o pai adotivo de McLaughlin costumava espancá-la com um porrete e também a eletrocutava. "Além desses abusos horríveis, ela lidou em silêncio com questões de identidade de gênero", escreveram.

Segundo reportagens da imprensa, McLaughlin começou sua transição de gênero nos últimos anos, mas permaneceu reclusa na seção masculina do corredor da morte no Missouri.

De acordo com o Centro de Informação sobre a Pena de Morte (DPIC, na sigla em inglês), que busca abolir essa punição nos Estados Unidos, não há registro de execução de uma pessoa abertamente transgênero no país.

No entanto, o tema tem chamado mais a atenção nos últimos meses: a Suprema Corte de Ohio confirmou uma sentença de morte contra uma mulher transgênero e o estado de Oregon comutou outra, segundo o DPIC.

Desde que assumiu o cargo em 2018, o governador Parson jamais concedeu um pedido de clemência.