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Blinken adia viagem a Pequim após detecção de suposto balão espião chinês nos EUA

China lamenta "entrada acidental" de balão nos EUA - Reuters
China lamenta "entrada acidental" de balão nos EUA Imagem: Reuters

03/02/2023 14h54Atualizada em 03/02/2023 15h41

O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, adiou, hoje, uma visita a Pequim após a detecção de um suposto balão espião chinês no espaço aéreo dos Estados Unidos, mesmo após as autoridades chinesas terem "lamentado" a intrusão, segundo elas "involuntária".

"Há um balão de vigilância chinês que atualmente sobrevoa os Estados Unidos a grande altitude, esta é uma clara e inaceitável violação da soberania americana", disse um funcionário do Departamento de Estado que pediu anonimato.

Por isso, a visita de Blinken a Pequim, prevista para domingo e segunda, "foi adiada" e será reprogramada quando "as condições forem adequadas", acrescentou.

Mas o funcionário "confia" na capacidade dos Estados Unidos para manter o diálogo com a China.

Washington garantiu ontem que não tinha a menor dúvida sobre a origem deste grande aeróstato que voava a grande altitude, nem sobre o fato de que seria utilizado com fins de "vigilância".

Inicialmente, o governo chinês pediu que não houvesse exageros sobre o assunto, mas acabou reconhecendo que efetivamente se trata de um aparato procedente da China.

"Trata-se de uma aeronave civil utilizada para fins científicos, principalmente meteorológicos", declarou um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês em comunicado.

Devido ao vento, o balão "desviou sua trajetória", disse, e acrescentou que o seu país "lamenta" que o mesmo tivesse ingressado no espaço aéreo dos Estados Unidos por "uma força maior".

Mísseis nucleares

Imagem área do Pentágono, em foto de 12 de maio de 2021 - Air Force Tech. Sgt. Brittany A. Chase - Air Force Tech. Sgt. Brittany A. Chase
Imagem área do Pentágono
Imagem: Air Force Tech. Sgt. Brittany A. Chase

Atualmente, o balão está "a uma altitude muito acima da do tráfego aéreo comercial" e "não representa uma ameaça militar ou física para as pessoas em terra", afirmou nesta quinta-feira o porta-voz do Pentágono, Pat Ryder, em um comunicado.

Segundo a imprensa americana, o balão sobrevoou as Ilhas Aleutas, no norte do Oceano Pacífico, e o Canadá, antes de entrar no espaço aéreo dos Estados Unidos há vários dias.

Concretamente, o aeróstato sobrevoou o estado de Montana, que abriga instalações de mísseis nucleares, onde foram mobilizados aviões de combate que se aproximaram dele, informou um funcionário do Pentágono que pediu o anonimato.

Segundo essa fonte, decidiu-se por não derrubar o balão devido aos riscos que representariam os possíveis destroços para as pessoas em terra. Além disso, o Pentágono considerou "limitada" a capacidade do objeto para coletar informações.

'Derrubem este balão'

O governo canadense acrescentou hoje que estava investigando um "segundo incidente potencial".

"O Canadá está tomando medidas para garantir a segurança de seu espaço aéreo, incluído o monitoramento de um possível segundo incidente", informou o Ministério da Defesa canadense em comunicado, sem entrar em detalhes.

Esta não é a primeira vez que o Exército americano registra uma intrusão deste tipo, mas, nesta ocasião, o objeto permaneceu mais tempo no espaço aéreo dos Estados Unidos.

O incidente desencadeou fortes reações entre os políticos americanos.

"Esta violação da soberania americana, poucos dias antes da visita do secretário de Estado Blinken à China, mostra que os sinais recentes de abertura" por parte das autoridades chinesas "não refletem uma mudança real de política", comentaram os líderes republicano e democrata de um comitê parlamentar sobre a China, Mike Gallagher e Raja Krishnamoorthi.

"Derrubem este balão!", pediu o ex-presidente republicano Donald Trump em sua rede social, Truth Social.

A visita de Blinken à China seria a primeira de um secretário de Estado americano desde outubro de 2018, no momento em que os dois países tentam evitar que as tensões entre ambos levem a um conflito aberto.

Entre os muitos temas polêmicos se destaca Taiwan, que a China considera parte de seu território, e as atividades de Pequim no Mar do Sul da China.