Empresas cubanas enfrentam dificuldades com emigração de funcionários
Em mais de um ano de emigração recorde em Cuba, o restaurante Nel Paradiso, em Havana, perdeu 50 funcionários e conseguir completar sua folha de pagamento parece uma meta inatingível.
"Você não tem tempo de recuperar o pessoal que está saindo", lamenta uma de suas gerentes.
Após fechar por conta da pandemia de coronavírus, o restaurante reabriu dois meses antes da Nicarágua, aliada de Havana, conceder a extensão de visto para cubanos em 2021, desencadeando a maior onda migratória em mais de 60 anos na ilha.
"A abertura da Nicarágua foi um golpe (...) em uma semana, de 50 funcionários, ficamos com apenas 30", conta à AFP Annie Zúñiga, responsável pela contratação no estabelecimento.
No terraço do local, que oferece uma vista invejável, Zúñiga explica que dos 60 trabalhadores contratados nos últimos 14 meses, apenas "10 permanecem em Cuba".
Segundo estatísticas oficiais dos Estados Unidos, em 2022, as autoridades das regiões de fronteira interceptaram 313.488 cubanos que entraram ilegalmente no país. A grande maioria chegou pela fronteira com o México, mas as entradas por via marítima, pelo Estreito da Flórida, também dispararam no ano passado.
Principal destino dos cubanos, os Estados Unidos tentam frear este movimento da América Latina e do Caribe implementando novas medidas para conter o fluxo migratório.
Esta emigração em massa ocorre em um momento que a população de 11,1 milhões de habitantes está envelhecendo e encolhendo, além de enfrentar sua pior crise econômica em três décadas devido ao impacto da pandemia, problemas administrativos internos e o agravamento do embargo dos Estados Unidos.
A inflação descontrolada, as grandes filas para comprar alimentos e combustíveis, além da falta de medicamentos e dos apagões em 2022 causaram um estado de agitação social no país.
A maioria dos emigrantes está na faixa entre os 19 e 49 anos e contam com altos níveis de qualificação, segundo dados do Centro de Estudos Demográficos da Universidade de Havana.
O onda migratória acaba atingindo a setores diversos, incluindo o de turismo, motor econômico da ilha que começa a ganhar força após o forte impacto da pandemia.
Os hotéis de luxo não estão isentos.
"30% dos funcionários" do Hotel Parque Central, uma empresa de capital misto com investimentos do grupo espanhol Iberostar e do Governo cubano, emigrou e seus executivos tiveram que contratar estudantes de hotelaria para preencher as vagas, disse à AFP uma fonte anônima.
Tanto empresas privadas quanto entidades públicas e embaixadas têm sido afetadas por este movimento.
Em janeiro, o "grito desesperado" de um professor de ciências da Universidade de Havana viralizou nas redes sociais.
"Os laboratórios estão esvaziando (...) as coisas mais valiosas estão indo embora", lamentou.
O presidente Miguel Díaz-Canel admitiu em outubro do ano passado que "a emigração é alta em Cuba" e associou o fenômeno à leis americanas que favorecem a emigração cubana.
"Cada jovem que abandona a escola e o trabalho para emigrar" é "uma derrota", considerou.
rd/lp/ll/ad/yr
© Agence France-Presse
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