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Primeiro-ministro australiano faz apelo para que eleitores aprovem 'voz' aborígene no Parlamento

23/03/2023 06h17

O primeiro-ministro da Austrália, Anthony Albanese, fez nesta quinta-feira um apelo emocionado aos eleitores para que apoiem a criação de uma "voz" aborígine no processo legislativo, em um referendo que acontecerá este ano.

O chefe de Governo afirmou que os australianos têm a possibilidade de compensar séculos de injustiça ao reconhecer formalmente os grupos aborígines e das Ilhas do Estreito de Torres, com uma voz no processo de elaboração das leis.

Trata-se "de como nossa nação vê a si mesma. Se temos a confiança de abraçar nossa história", declarou Albanese, que apresentou o referendo como uma oportunidade para que os australianos façam de seu país um local mais justo.

"O que fizemos até agora não funcionou", disse, antes de destacar a votação como uma "oportunidade histórica democrática, uma chance de mostrar o melhor de nosso caráter nacional, nosso otimismo fundamental e um profundo senso de justiça, nosso respeito instintivo e bondade uns pelos outros".

O referendo pretende criar um órgão consultivo indígena, que teria a missão constitucional de aconselhar o Parlamento sobre novas leis e normas.

Os australianos devem votar ainda este ano sobre a proposta de "alterar a Constituição para reconhecer os Povos Originários de Austrália ao estabelecer uma Voz dos Aborígenes e Ilhéus do Estreito de Torres".

As pesquisas mostram que 60% dos australianos apoiam a reforma, mas o respaldo caiu nos últimos meses e persistem dúvidas sobre como funcionará a "voz".

Durante décadas, a maioria branca da Austrália lutou para lidar com seu passado, frequentemente brutal.

Durante mais de um século, os indígenas australianos não foram considerados cidadãos de pleno direito e, embora os direitos estejam consagrados atualmente na legislação, ainda persistem profundas desigualdades.

"Uma Voz no Parlamento, consagrada em nossa Constituição, significará que nosso povo será ouvido nas questões que nos afetam", afirmou o senador aborígine Patrick Dodson.

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© Agence France-Presse