Opositor de Maduro nega ter sido coagido pela Espanha a sair da Venezuela
Edmundo González Urrutia, opositor do presidente Nicolás Maduro nas questionadas eleições presidenciais de 28 de julho, negou ter sido "coagido" pela Espanha para sair da Venezuela e receber asilo em Madri.
"Não fui coagido, nem pelo governo da Espanha, nem pelo embaixador espanhol na Venezuela", afirma González Urrutia em uma carta que foi publicada na noite de quinta-feira (19) pelo ministro das Relações Exteriores espanhol, José Manuel Albares, em sua conta no X.
"As gestões diplomáticas realizadas" pela Espanha "tiveram como único propósito facilitar minha saída do país, sem exercer nenhum tipo de pressão sobre mim", acrescenta o opositor venezuelano na carta.
"Obrigado, Edmundo González Urrutia, por defender a verdade frente às calúnias e injúrias contra a Espanha e seu serviço exterior", escreveu o ministro espanhol em resposta.
González Urrutia, que era alvo de uma ordem de prisão, passou um mês na clandestinidade antes de sair da Venezuela e chegar à Espanha no dia 8 de setembro para pedir asilo.
Na quarta-feira (18), o candidato da oposição afirmou ter assinado sob "coação" do governo venezuelano um documento para "acatar" uma decisão judicial que validou a questionada reeleição de Nicolás Maduro, em troca de sua saída do país ser autorizada.
O documento foi assinado por González Urrutia na presença de dirigentes chavistas quando estava refugiado na residência do embaixador da Espanha em Caracas, o que levou a oposição espanhola a criticar o governo do primeiro-ministro socialista Pedro Sánchez.
Esteban González Pons, líder do conservador Partido Popular (PP), afirmou na quinta-feira que ter permitido a assinatura do documento na residência do embaixador tornou o governo espanhol "cooperador necessário" em uma manobra para "tirar a liderança da oposição democrática da Venezuela".
"Nosso governo é cúmplice na operação de tornar Maduro ditador por mais tempo", disse González Pons.
"Há momentos para ser oposição (...) e outros nos quais é necessário que ser apenas um país", respondeu o ministro das Relações Exteriores em sua mensagem no X.
"Se o governo da Espanha fizesse o que o Partido Popular sugere, ao invés de estar livre em Madri, Edmundo González estaria preso hoje em Caracas", disse Albares nesta sexta-feira ao canal estatal TVE, em uma entrevista na qual "lamentou" que o PP "tenha forçado" o opositor venezuelano a emitir o comunicado esclarecendo o assunto.
"A entrada na residência (do embaixador espanhol), a vinda para a Espanha, a solicitação do direito de asilo (...) o que aconteceu em torno da chegada de Edmundo González à Espanha foi a pedido de Edmundo González", acrescentou Albares.
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