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Em depoimento, Fernando Baiano cita "doação" ao presidente do PMDB

O presidente do PMDB, senador Valdir Raupp (RO) - Pedro Ladeira - 15.jan.2014/Folhapress
O presidente do PMDB, senador Valdir Raupp (RO) Imagem: Pedro Ladeira - 15.jan.2014/Folhapress

De São Paulo

12/11/2015 10h38

Em seu primeiro depoimento ao juiz Sérgio Moro após fechar o acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral, o lobista Fernando Antonio Soares, o Fernando Baiano, afirmou que pediu "doação" para o atual presidente do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), e ao ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. O repasse teria sido operado pelo doleiro Alberto Youssef em forma de doação oficial.

Apesar disso, ele negou ser "operador de propinas do PMDB", como diz a força-tarefa da Lava Jato. Ao ser questionado por Moro se havia alguma relação entre as propinas recebidas pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, para quem Baiano admitiu operar, e os repasses para partidos dentro do esquema na Petrobras, o delator disse: "Eu acredito que isso seja independente, eu sempre operei recursos do Paulo, para o Paulo".

Em seguida, o delator fez uma ressalva quanto a um "parlamentar do PMDB". "Só teve uma vez que eu pedi uma doação para o Paulo para um parlamentar, para o PMDB, e que o Paulo disse que iria cuidar disso", relatou.

"Eu também fiquei sabendo, posteriormente, que essa doação tinha sido feita e eu fiquei sabendo depois que foi feita oficialmente e quem tinha operacionalizado isso tinha sido o Youssef", afirmou Baiano, que, então, foi indagado por Moro. "Que parlamentar era esse?" "Foi o senador Valdir Raupp", respondeu o depoente.

A versão de Fernando Baiano vai ao encontro de delação do próprio Youssef feita no ano passado, na qual ele afirmou ter operado o pagamento de R$ 500 mil para a campanha de Raupp ao Senado em 2010. O valor teria, segundo o doleiro, saído da cota do PP e seria decorrente de sobrepreços em contratos da Petrobras.

Uma das linhas de acusação da força-tarefa da Lava Jato é de que o esquema de corrupção instaurado na Petrobras abastecia não só os diretores da estatal indicados por partidos, como também as próprias siglas e, em anos eleitorais, as campanhas dos políticos que teriam lavado o dinheiro da propina por meio de doações oficiais.

Valdir Raupp já é alvo de dois inquéritos no Supremo Tribunal Federal. Um deles investiga se houve formação de quadrilha para fraudar a Petrobras. O outro apura se o senador recebeu dinheiro desviado por empresas com contratos na estatal e lavou os valores.

Raupp não foi localizado pela reportagem. Ao Jornal Nacional, da TV Globo, a assessoria dele negou a acusação e disse que o dinheiro foi para o partido. As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".