Ronan pode não saber de crime, mas sabe de esquema do PT em Santo André
Ronan Maria Pinto, dono do jornal “Diário do Grande ABC”, foi preso na manhã desta sexta (1º) na 27ª fase da Operação Lava Jato.
Ronan é apontado como ciente de muito mais informações do que a Lava Jato e a própria polícia têm a respeito do assassinato de Celso Daniel (PT), ex-prefeito de Santo André, em 2002.
Celso Daniel foi sequestrado no dia 18 de janeiro, uma sexta-feira, ao sair de um restaurante na zona sul de São Paulo. Seu corpo foi encontrado dois dias depois em uma estrada de Juquitiba, na região metropolitana.
O empresário é suspeito de "chantagear" o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2004, quando supostamente teria recebido R$ 6 milhões do pecuarista José Carlos Bumlai como "cala-boca" para não revelar o que sabe sobre o crime.
Desde então o "boato" de que uma conspiração petista mandou "eliminar" Daniel só fez crescer. Porém, esse rumor é muito menos crível que outra tese nunca divulgada.
A saber: O que o empresário Ronan Maria Pinto sabe sobre Celso Daniel não é que o PT tramou a morte do ex-prefeito, mas, sim, que Daniel era o "cabeça" de um grande esquema de arrecadação de propina (para o PT) feito junto a empresas de ônibus que prestam serviço à Prefeitura de Santo André. Esse esquema durou até o fim de 2001.
As provas que Ronan Pinto teria se devem à lógica que ele próprio também pagou propina ao esquema petista.
O empresário, portanto, pode ter provas materiais de pagamentos feitos a emissários de Celso Daniel (e do PT, por tanto). Ou pagava ou não continuaria prestando serviço ao município.
Segundo essa teoria, quando Celso Daniel descobriu que o esquema petista estava sendo roubado por outro "esquema" (o de Sergio Sombra, que até então era um amigo íntimo e operário de confiança do ex-prefeito), teria decidido tirar Sombra e outros personagens da engrenagem.
Essa, sim, teria sido sua sentença de morte.
Sombra até hoje nega participação na morte do ex-prefeito petista.
Lava Jato diz que não investiga caso Celso Daniel
Em entrevista coletiva, os promotores que investigam a Lava Jato disseram que essa fase da operação visa apenas o crime federal de lavagem de dinheiro, sem qualquer relação com o assassinato de Celso Daniel.
"Os demais desdobramentos referentes a Santo André, cabe ao Ministério Público de Estadual [de São Paulo]. Em princípio, nosso objetivo é esclarecer a lavagem de dinheiro".
Apesar das declarações, o delegado da Polícia Federal Igor Romário de Paula disse que “a investigação de hoje, embora atual, remete a fatos que ainda estão no imaginário popular em tese como não esclarecidos”.
Outro lado
Em nota, a assessoria de imprensa do Ronan disse que o empresário reafirma não ter "relação com os fatos mencionados" e que está "sendo vítima de uma situação que com certeza agora poderá ser esclarecida de uma vez por todas".
O texto diz ainda que "há meses reafirmamos que o empresário Ronan Maria Pinto sempre esteve à disposição das autoridades de forma a esclarecer com total tranquilidade e isenção as dúvidas e as investigações do âmbito da Operação Lava Jato".
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