Pacientes vão à Alesp por liberação da 'pílula do câncer'
O grupo participava de uma audiência pública que discutia o projeto, realizada no período da manhã, e se dirigiu para o plenário no início da tarde, onde permanecia até as 18 horas. Cruzes brancas e balões foram colocados sobre as mesas. Os defensores da pílula também portavam faixas e cartazes pedindo a liberação da substância.
"Queremos que as liminares sejam liberadas e que a 'fosfo' seja produzida e entregue de imediato", diz a dona de casa Rosany Cristina Zanini, de 55 anos, que tem um câncer de mama com metástase óssea. Ela chegou a tomar as cápsulas, cuja distribuição foi suspensa em novembro por decisão do Órgão Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP). "Essa proibição foi um assassinato. Acabou com a nossa esperança."
Durante dois meses, o comerciante Alex Sandro de Vargas Garcia, de 30 anos, tomou as cápsulas enquanto fazia radioterapia. Ele tem um tipo de câncer raro que tirou o movimento de suas pernas. "Fiquei de cadeira de rodas. Duas semanas após começar a tomar, fiquei de muleta. Depois, voltei a andar. A 'fosfo' reduziu meu tumor em três centímetros e eu parei de tomar morfina", diz.
Natural do Rio Grande do Sul, Garcia veio para São Paulo para encorpar o grupo. "Tenho esperança que vão liberar."
Autor do projeto de lei que quer a liberação da substância, o deputado estadual Rafael Lima (PDT), disse compreender a atitude das cerca de 100 pessoas que foram pressionar os deputados no plenário. "São mais de 8 mil liminares paradas. Eles querem ficar aqui, porque estão sofrendo no corpo com essa doença."
Uma comissão formada por pacientes foi ao TJ para tentar uma reunião também para pedir a liberação das cápsulas.
Testes
No mês passado, o secretário estadual de Saúde, David Uip, anunciou que a fosfoetanolamina será testada em cinco hospitais da rede estadual por até 1 mil voluntários. O trabalho será encabeçado pelo Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp) e terá como alvo sete tipos da doença.
Também em novembro, o governador Geraldo Alckmin entregou para o ministro da Saúde Marcelo Castro um pedido para liberação da pílula em regime compassivo, quando ela pode ser usada por pacientes que já tentaram outros tratamentos sem sucesso mesmo sem ter autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para ser distribuída.
Desenvolvida pelo professor aposentado Gilberto Chierice, do Instituto de Química da Universidade Federal de São Paulo (USP) em São Carlos, a cápsula não passou por testes clínicos e não tem liberação da agência.
O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação também vai investir R$ 10 milhões em pesquisas sobre a fórmula.
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