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Aliado de Alckmin diz que ala tucana tenta apoiar Matarazzo em outra sigla

30/03/2016 10h11

São Paulo - Vice-presidente do diretório estadual do PSDB em São Paulo, aliado do governador Geraldo Alckmin e integrante da equipe de campanha de João Doria à Prefeitura, Evandro Losacco disse ao Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, que a ala do partido ligada ao senador José Serra está tentando elaborar um pretexto para não apoiar Doria na corrida municipal.

Serra e outros medalhões do PSDB, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o senador Aloysio Nunes, o vice-presidente nacional da legenda e ex-governador Alberto Goldman, além do suplente de Serra, José Aníbal, apoiavam o vereador Andrea Matarazzo nas prévias do PSDB. Matarazzo, contudo, desistiu da disputa interna e deixou o PSDB às vésperas do segundo turno do pleito interno.

Aníbal e Goldman entraram com um processo interno acusando Doria de abuso de poder econômico durante as prévias e de práticas irregulares, como boca de urna e uso de cavaletes. Nesta terça-feira, 29 eles entraram com uma representação na Procuradoria Regional Eleitoral, pedindo a anulação da prévia.

No segundo turno, realizado no dia 20 com Doria como nome único na disputa, o afilhado político de Alckmin foi escolhido candidato.

"O importante para eles não é resolver, é deixar rolando (a disputa interna) se possível até outubro. Eles querem um desgaste contínuo para justificar um eventual apoio ao candidato deles em outro partido. É lamentável", disse Losacco ao Broadcast Político.

A expectativa é que Matarazzo vá para o PSD, de Gilberto Kassab - de quem foi secretário na gestão municipal. Na legenda do aliado, Matarazzo poderia encontrar espaço para se lançar candidato. O novo destino do vereador pode já ser confirmado nesta quarta-feira, 30.

Losacco disse que os adversários não têm interesse real na disputa jurídica para anular as prévias, mas que querem criar "factóides". Segundo ele, Aníbal e Goldman não estão empenhados na petição interna que ainda corre dentro do diretório municipal e uma mostra disso é que as testemunhas que alegariam as evidências de abuso econômico de Doria no primeiro turno das prévias não compareceram na audiência dessa segunda-feira, 28.

"Eles estão tão interessados, para se ter uma ideia, que o relator ficou de plantão o dia inteiro e as testemunhas deles não apareceram", afirmou.

O aliado de Alckmin alega ainda que não faz sentido a reclamação de Goldman e Aníbal sobre o quorum que deu aval à candidatura de Doria no segundo turno. Na representação, o ex-governador e o suplente de Serra reclamariam que menos de 20% dos filiados votaram - Doria recebeu, no dia 20, 3.152 votos de um total de 3.266 votantes, mas o diretório tem cerca de 27 mil filiados. "Bastava eles lerem o estatuto do partido para verem que, quando há candidatura única, ela precisa da aprovação de 20% dos votantes não de todos os filiados".

Goldman e Aníbal reagiram com irritação à suposição de Losacco de que eles estariam se movimentando para apoiar Matarazzo em outra legenda. "Ele não tem autoridade moral para nos criticar, nem a mim nem ao Aníbal, nem a ninguém em qualquer coisa", reclamou o ex-governador. "O Losacco é um desagregador, um pau mandado, não significa nada", afirmou Aníbal à reportagem.

Os dois alegam que uma testemunha contra Dória compareceu nessa segunda para ser ouvida na audiência que encaminha o recurso interno contra a prévia mas, segundo eles o relator não quis ouvi-la.

O relatório sobre o caso deve ser encaminhado para o diretório municipal votar eventual cancelamento e até expulsão de Doria do PSDB na semana que vem. Goldman e Aníbal, no entanto, se mostram descrentes no processo pois alegam que Alckmin controla o diretório estadual.

"Não faz sentido nem se mobilizar no nível municipal, pois de qualquer forma o estadual pode desfazer a decisão. Eles desfazem o que eles não gostam", disse Goldman em referência à instância estadual, na qual Alckmin tem o controle político. "A decisão (sobre a petição interna contra Doria) já estava tomada antes, foi uma ação política", completou.

Querela jurídica

O advogado do diretório municipal, Anderson Pomini, afirmou ao Broadcast Político não ter recebido qualquer notificação até o momento da Procuradoria Regional Eleitoral sobre a representação enviada nesta terça por Aníbal e Goldman.

Pomini alega, contudo, que "certamente" o procurador vai rejeitar o caso pois não tem competência para avaliar a questão. "A Justiça Eleitoral não tem competência para analisar uma eleição interna de um partido, mas apenas eleições ordinárias, gerais. Um partido é uma pessoa jurídica de interesse privado, então teria que ser uma petição na Justiça comum", afirmou o advogado. "Me parece que eles estão mal orientados", acrescentou.

Aníbal e Goldman argumentam que o próprio regimento das prévias se baseou em legislação eleitoral. "A orientação que recebemos foi outra. O Pomini só fala o que interessa ao diretório estadual", retrucou Goldman.