Perda do Cerrado é 50% maior que a da Amazônia
O dado oficial do governo federal, que foi divulgado nesta semana no site do Ministério do Meio Ambiente sem alarde, é o primeiro do monitoramento do bioma, que começou a ser feito no ano passado. Assim como ocorre com a Amazônia, ele será anual. Ainda não há uma série histórica completa, mas o levantamento indica uma queda nos últimos anos, em especial em relação a 2009, quando a perda foi de 10.342 km2.
A data é uma referência importante porque foi o ano em que o governo estabeleceu a Política Nacional de Mudança do Clima, que trouxe como uma de suas metas que até 2020 o desmatamento do Cerrado deveria ser da ordem de 9.421 km2. Essa mesma política estima que a perda da Amazônia tem de ser de 3.925 km2. Questionado pelo Estado, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) considerou que o número de 2015 do Cerrado é bom, pois indica que "estamos próximos de cumprir com a meta prevista na política".
Ambientalistas, porém, questionaram a boa notícia, ao lembrarem que a meta considerou como aceitável perda anual de cerca de 1% dos remanescentes do bioma. Esse parâmetro foi fixado tendo como base uma estimativa de que, nos anos anteriores, havia ocorrido perda média de 15,7 mil km2 por ano entre 1994 e 2008. Foi, com isso, estabelecida a redução de 50% até 2020. Mas, como revelam os dados, em 2009 a taxa anual de perda já era mais baixa do que a calculada com base no período entre 1994 e 2008.
O levantamento também traz detalhes das perdas no período de 2013 a 2015, mostrando que as mais pronunciadas ocorreram na região de expansão da fronteira agrícola conhecida como Matopiba, que engloba os Estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.
Em nota, o MMA disse que o dado não permite fazer "nenhuma relação entre a redução do desmatamento na Amazônia e a expansão agrícola no Cerrado". Acrescentou que dará prosseguimento à implementação do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento e Queimadas no Cerrado.
Menos protegido. O Estado também ouviu ex-ministra Izabella Teixeira, que estava à frente da pasta até maio de 2016. Ela disse que foi na gestão dela que monitoramento começou e lembrou que o bioma permite supressão de vegetação maior que a Amazônia, com Reserva Legal obrigatória de só 20%.
Ela disse, porém, que é preciso "avaliar com clareza a dinâmica do desmatamento e novas medidas que podem assegurar mais proteção". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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